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Arsenal de pistolas austríacas está nas mãos de criminosos do DF

Polícia procura armas. Pelo menos 100 Glocks foram trazidas em 10 viagens feitas por quadrilha de contrabandistas presa pela Deco

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Fotos: Divulgação/PCDF
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Sonho de consumo das polícias Civil e Militar do Distrito Federal, um arsenal de pistolas austríacas Glock está nas mãos de criminosos que atuam em território brasiliense, principalmente traficantes e assaltantes. A conclusão é dos investigadores da Operação “Irmandade”, deflagrada pela  Divisão Especial de Repressão ao Crime Organizado (Deco) da Polícia Civil. O trabalho resultou na prisão de seis pessoas e na apreensão de 300kg de maconha e cocaína em 22 de fevereiro deste ano.

As investigações apontaram que a quadrilha, especializada no tráfico de armas, munições e drogas, fez pelo menos 10 viagens entre Ponta Porã (MS) – divisa com o Paraguai – e o DF, em um período de um ano e meio. Em média, pelo menos 10 Glocks eram trazidas na bagagem pelos criminosos a cada oportunidade.  A suspeita dos policiais é de que cerca de 100 dessas armas estejam em circulação nas ruas do DF. Todas têm seletor de rajada e eram trazidas com carregadores de 30 cartuchos. A preferida dos criminosos é a versão com calibre 9mm, a mais sofisticada da marca.

As pistolas custam cerca de R$ 15 mil cada no mercado paralelo de armamentos. A Deco apurou que a quadrilha antes operava como contrabandista de cigarros paraguaios e equipamentos eletrônicos, mas migrou para o tráfico de armas e drogas por ser mais rentável.

“As armas eram compradas com clientes já definidos. Estima-se que cada viagem da quadrilha ao Paraguai custava cerca de R$ 200 mil, pagos por traficantes e grandes assaltantes. Agora, essas pistolas estão em nossas ruas”, afirmou uma fonte da Deco ouvida pelo Metrópoles.

Exclusivas
As Glocks vendidas pelos contrabandistas são as mais desejadas pelas forças de segurança do DF, que já tentaram por diversas vezes efetuar as compras, mas esbarram na burocracia do Exército Brasileiro, único detentor dos direitos de usar as armas no Brasil.

São pistolas conhecidas pela confiabilidade, simplicidade, velocidade de disparos, discrição e pronto-emprego. Por isso, possui grande aceitação entre as polícias ao redor do mundo. No Brasil, há apenas três modelos para o uso civil (G25, G28 e G42), todos com o calibre 380. Os modelos calibre 9mm (exceto a G18) e .40 S&W são de uso exclusivo das Forças Armadas e policiais, sendo o 9mm apenas para uso das Forças Armadas.

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Sofisticação no transporte
Durante um ano e meio, os investigadores da Deco monitoraram a ação dos contrabandistas, que são de classe média e gostavam de esbanjar dinheiro em festas e restaurantes caros da capital da República.

O grupo tinha estratégias bem definidas durante as viagens entre o DF, Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, no Paraguai. Usava equipamentos de comunicação de alta tecnologia para garantir o sucesso das operações.

O Metrópoles teve acesso exclusivo às imagens da perícia feita pelo Instituto de Criminalística (IC)  em um dos muitos veículos usados pelo bando. Cada carro era equipado com um modelo sofisticado de rádio comunicador, que não ficava aparente no interior do veículo. A instalação era feita por dentro do painel e o acionamento do PTT (botão apertado para falar) por uma palheta usada para ligar a seta.

Os peritos criminais tiveram trabalho para chegar até o local de instalação dos rádios. Foi preciso desmontar parte do interior do carro para retirar os aparelhos. O som que saia dos comunicadores eram reproduzidos pelos sistema de auto falantes. Toda a engenharia tinha o objetivo de não levantar a suspeita da polícia caso algum dos carros fosse abordado durante a viagem.

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Cuidado na viagem
De acordo com as investigações da Polícia Civil, o grupo usava até cinco carros batedores, sendo três na frente e dois atrás do chamado “carro bomba” – veículo que trasportava as armas, munições e drogas. Os carros que faziam parte do comboio não viajam próximos uns dos outros. Existia sempre um espaço de pelo menos 2km de distância entre eles.

A viagem entre o DF e o Paraguai, com cerca de 1,6 mil quilômetros, era feita em poucas horas. Os policiais identificaram que cada carro usado pela quadrilha costumava fazer o trajeto em uma velocidade média que beirava os 180km/h. “Todos eram exímios motoristas e havia um cuidado muito grande na viagem. Eles sequer abasteciam os veículos em postos de combustível. Os integrantes da quadrilha levavam galões com gasolina dentro dos carros”, explicou a fonte.

As investigações e a busca pelo arsenal do grupo continuam. Os integrantes da quadrilha permanecem presos no Centro de Detenção Provisória (CDP), no Complexo Penitenciário da Papuda.

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