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Os tipos de gays em busca de elogios (nem sempre sinceros)

Os egos andam inflamados e, como qualquer parte de nós neste estado, ficam sensíveis e propensos a se doerem

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dieta espelho vaidade
1 de 1 dieta espelho vaidade - Foto: iStock

Lembra do poema de Machado de Assis “Círculo Vicioso” na escola? Ele fala de como a gente cobiça a vida do outro e nunca estamos satisfeitos como nós somos. Dando uma volta na pista de uma boate, dá pra perceber que Machado contaria esta história de outra forma. O vagalume não teria mais a imagem do sol para se inspirar, teria uma selfie e, ao olhar da janela, lamentaria que o astro não tivesse a sua liberdade.

Os egos andam inflamados e, como qualquer parte de nós neste estado, ficam sensíveis e propensos a se doerem. Mas não pense que todos se mostram da mesma forma. Há tantas variações quanto cabeças nas ruas, porém alguns tipos são facilmente identificáveis.

O exemplo mais claro e direto é o cara que se acha, óbvio. Para quem é ligado em astrologia, é a definição do signo de Leão. Ele se sente o mais belo, o mais forte, o mais inteligente, o melhor em tudo. E diz isso com todas as letras. Na verdade, esta espécie pouco me incomoda, acho até interessante ver alguém com autoestima tão elevada, principalmente quando ele tem consciência das suas reais qualidades e não quando ele apenas “se acha”.

Então qual é o problema desse cara? É quando você discorda dele. Se você não concordar que o corpo dele é o mais sarado, ou o cabelo dele tem o corte mais legal, ou que a ideia dele sobre algum assunto é a mais certa, ele não consegue lidar com esta afronta e a resposta pode ser uma atitude bem malcriada.

O parente mais próximo dele é o falso-humilde. Sabe aquele cara que fica o tempo todo – eu disse o tempo todo – falando dos próprios defeitos? Pois é, ele está mendigando teus elogios. Não há problema em você ser humilde, ou falso-humilde, a sociedade cristã ocidental te cobra isso (a humildade é uma das virtudes teologais), acontece que estas pessoas se tornam vampiros.

Elas necessitam da aprovação do outro e ouvir a confirmação de que elas são lindas, originais, superlegais, a ponto de não ter outro assunto. Sem contar que é muito raro elas saberem agradecer pelo elogio e elogiarem de volta.  Observe: se você elogia alguém e ela fica dizendo “ah, que é isso, não sou não”, daí você diz que é sim, e ela nega de novo e vocês ficam nessa conversa mole por uns 20 minutos, ela está encaixada nessa classificação e você caiu direitinho no jogo dela. É uma estratégia – uma super chata, mas uma estratégia – para ela ganhar o que quer.

Os dois tipos acima são fichinha perto do terceiro e último. Os anteriores têm seu charme e podem ser até engraçados na medida certa, mas o terceiro é uma bomba e você deveria evitar ao máximo ficar perto dele. É aquele que, para se sentir elogiado, enche de defeitos o outro.

Ele não fala de si, aplaca sua insegurança falando mal da outra pessoa que está com ele.

Ele não diz que está insatisfeito com o seu corpo, o outro é que está precisando de um regime. Ele não é paciente, o outro é que não sabe esperar. Há uma variação mais light, é aquele que não fala de defeitos, mas está sempre sugerindo mudanças. Mudar o corte de cabelo, o modo de vestir, de se comportar, assim, como quem apenas sugere de modo insistente.

Se a pessoa não tiver uma personalidade forte, ela acaba entrando numa vivência de insegurança e “gratidão” por ter esse cara que só quer te melhorar e tem coragem de “te jogar a real” se relacionando com você, apesar de todos os teus defeitos. O que a vítima dessa personalidade não percebe é que ele na verdade não está olhando para ele, mas sim para si próprio e a forma dele lidar com seu ego apodrecido pela vaidade é ir minando qualquer resquício de autoestima que a vítima pode ter. Pois a autoestima do outro é a maior ameaça à baixa autoestima que ele tem de si mesmo.

Todo mundo gosta de receber elogios. É inclusive uma forma grátis de demonstrar carinho com quem se relaciona com você. Saber receber um elogio também é fundamental e demonstra que você sabe o valor que tem. Um simples “muito obrigado” é o suficiente e, se possível, elogie de volta. Aliás, taí uma boa forma de quebrar este círculo vicioso pós-moderno, mas ainda machadiano.

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