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O apego de Dunga por Kaká e duas ou três ideias sobre a Seleção Brasileira

Convocação do veterano meia do Orlando City demonstra o quanto a Seleção Brasileira anda em círculos

atualizado

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Orlando City SC/Twitter/Reprodução
kaka orlando city
1 de 1 kaka orlando city - Foto: Orlando City SC/Twitter/Reprodução

Sentindo falta da Seleção Brasileira em campo? Pois logo mais as férias do escrete pátrio, que não se reúne desde novembro, serão interrompidas por conta das Eliminatórias para a Copa do Mundo. Dois compromissos se avizinham. O Brasil recebe o Uruguai em Recife (25/3) e na sequência visita o Paraguai em Assunção (29/3).

Por isso foram anunciados, esta semana na sede da prestigiosa Confederação Brasileira de Futebol, os felizes convocados para esta nova DungaTour. Uma chamada sem muitos sobressaltos, e que mais uma vez evidencia o quanto a Seleção Brasileira tem andado em círculos após aqueles históricos 7 x 1 – e tudo o que (não) aconteceu depois.

Os dois pontos a serem destacados, nesse pensamento compulsivo-obsessivo do professor Dunga, passam pela presença de Kaká, o meia do Orlando City, e pela ausência de Jefferson, o goleiro do Botafogo. Em que se pese vícios e virtudes de um e de outro, o destino de ambos com a Amarelinha parece ser definido em termos mais restritos e pessoais do que os méritos técnicos e táticos. Parece ser definido na base do gostei/não gostei.

Kaká, que cumpre 34 anos na semana do jogo contra o Uruguai, pode até ter direito a festinha com rodinha de parabéns e banho de farinha nos treinos da Seleção Brasileira. Dunga gosta muito desse rapaz! Dunga parece carregar uma dívida de gratidão que remonta às savanas d’África na mal fadada expedição para a Copa de 2010. Ali o bom moço Kaká comprou a bronca daquele recém-inventado treinador e virou praticamente a única reserva de talento em um time de guerreiros, uma esquadra de cruzados.

CBF/Twitter/Reprodução
Dunga: dívida de gratidão e sentimento de traição

 

Sozinho contra todos

Kaká a encarnar a excelência boleira possível dentro da visão de mundo (sozinho contra todos) que emana de Dunga e que parece definir tudo o que cerca nosso volante-treinador. Desde que foi abertamente hostilizado e eleito como maior símbolo do fracasso da Copa de 1990, Dunga alimenta diariamente um ressentimento com a mídia e com parte da torcida que nem a reviravolta pessoal da conquista da Copa de 1994 amainou.

Naquela preparação para a Copa do Mundo da África do Sul, Dunga teve claro para si que não poderia contar com Ronaldinho Gaúcho e Adriano Imperador – por demais lenientes para essa nobre missão. Decidiu também não chamar de última hora os então emergentes Neymar, Paulo Henrique Ganso e Alexandre Pato – por demais jovenzitos para esse time de bravos homens.

Então, a Dunga restaram o craque Kaká, o capitão Lúcio, o goleiro Júlio César e um punhado de jogadores médios, medianos e medíocres (de Luisão a Ramires, de Kleberson a Grafite ) que vinha acompanhando suas convocações há longa data. Sem muito brilho coletivo ou individual, aquele era sobretudo um elenco servil.

Servil como ele próprio, Dunga, sempre foi. O cão feroz que latia para os críticos e levantou a taça de campeão mundial entre ofensas e palavrões sempre abanou o rabo mansinho para Ricardo Teixeira ou os senhores de ocasião na CBF. Faz parte da índole de Dunga servir e não questionar, a encarar a Seleção Brasileira como uma espécie de continuação indefinida e extemporânea do serviço militar.

E daí a ausência de Jefferson. Foi fato amplamente divulgado esta semana, após a convocação, que Dunga não teria gostado de uma entrevista do goleiro ao canal SporTV. Comentando sobre ter falhado no jogo contra o Chile e ter sido prontamente substituído por Alisson debaixo das traves, Jefferson apenas respondeu com o óbvio, disse ter ficado chateado por perder a vaga de titular, disse esperar voltar a jogar.

Pronto. Essa resposta teria soado a Dunga como traição, desrespeito, insubordinação pública, sei lá mais o quê. E ao ser questionado sobre a ausência de Jefferson, na entrevista coletiva da última quinta-feira, o treinador deu uma resposta mui genuína. Disse que era uma ausência natural e que ele gosta demais do jogador. Afinal, veja você, ele tinha convocado Jefferson mesmo quando o Botafogo estava na Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.

Gratidão, Jefferson. É tudo que esperam de ti. Gratidão.

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