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Musical sobre Renato Russo voltará a ser encenado nos 20 anos da morte do vocalista

Ator e diretor Bruce Gomlevsky volta a encarnar o líder mítico da Legião Urbana. Peça provocou corre-corre de fãs aos teatros nas três vezes que veio a cidade

atualizado

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Há tempos que o ator e diretor Bruce Gomlevsky não cantarola nem sequer ouve as canções de Renato Russo. Também não tem pensado nas angústias, nós existenciais, tipos e ideias que inspiravam e consumiam o personagem que o consagrou Brasil afora.

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O distanciamento é salutar e está ligado diretamente ao sucesso arrebatador do musical, que estreou em 2006, percorreu 40 cidades e foi visto por 200 mil espectadores. Durante cinco anos, ele e o vocalista da banda Legião Urbana eram como se fossem o eu e a sombra, a persona e o personagem.

O jejum, no entanto, tem dia e hora para acabar. Em 11 de outubro, data em que se completam duas décadas da morte de Renato Russo, o musical volta a cartaz no Rio de Janeiro e aquece-se para uma nova turnê nacional, onde Brasília, é claro, estará na rota. Na capital federal, capítulo fundamental da história de Renato Russo, Bruce aprofundou as nuances do personagem. Conheceu pessoas e lugares que compõem o relicário do artista.

No primeiro momento, foram fundamentais o contato e o apoio da família Manfredini. A mãe, Carmen Lúcia, a irmã, Carmen Teresa, e o filho, Giuliano me acolheram. Conheci também o casal que inspirou Eduardo e Mônica. Tudo isso ajudou a aprofundar a minha pesquisa

Bruce Gomlevsky

Cidade afetiva
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Na primeira temporada candanga do musical, entre janeiro e fevereiro de 2007, Bruce decidiu ficar direto na cidade e pode sentir a presença de Renato Russo numa Brasília paralela à capital do poder. Percebeu, em detalhes, a influência do ídolo sobre os fãs. Bruce visitou a Colina, lugar de origem do Aborto Elétrico, a banda que originou a Legião Urbana e o Capital Inicial; o Parque da Cidade; a UnB; a Torre de TV e o Gilberto Salomão. Lugares musicados pelo cantor.

Mudei a minha visão sobre Brasília. Renato era um apaixonado pela cidade

Bruce Gomlevsky

Longe do cover
Em três passagens por Brasília, o espetáculo provocou corre-corre de espectadores aos teatros. Alguns deixavam a sala certos de que Bruce Gomlevsky seria a encarnação de Renato Russo. Até chegar ao diálogo afinado com o mítico artista, o ator fez uma maratona: preparação vocal, aula de canto e expressão corporal. Assistiu aos vídeos e aos shows. Carmem (a irmã de Renato) cedeu imagens de entrevistas e apresentações. Assim, compôs um personagem que se aproximou da fisicalidade de Renato, sem ser cover. Como gosta de dizer, uma aproximação de alma.

Arte Profana
“Renato Russo, o musical” tem direção de Mauro Mendonça Filho (“Verdades Secretas”) e foi resultado de dois anos de pesquisa compartilhada com a dramaturga Daniela Pereira Carvalho. A narrativa não linear percorre as principais passagens da vida do artista – como a ascensão ao estrelato; a vida com o filho, Giuliano; e a revelação da homossexualidade. Em cena, Bruce canta 22 músicas. Brilha ainda a performance da banda Arte Profana, que aliás, foi aprovada por Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá, fãs do musical.

O personagem é um marco na minha carreira. Sou lembrado até hoje por esse trabalho. Recentemente, fui abordado por um taxista. Que me perguntou: O senhor não é o Renato Russo?

Bruce Gomlevsky

Ofício de diretor
Uma década depois do musical, Bruce se aprofundou no ofício de diretor. Sob seu comando, “Timon de Atenas”, peça de William Shakespeare, chega a Brasília para curta turnê em março (11 a 13, no Teatro Unip). Atualmente, ele ainda corre o país com o monólogo “Uma Íliada”, no qual acumula funções: atua e dirige.

Nunca premeditei ser diretor de teatro. Foi um processo natural na busca do aperfeiçoamento do trabalho de ator

Bruce Gomlevsky

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