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Artistas de Brasília seguem para intercâmbio teatral em Portugal

Os coletivos Teatro do Instante e Aisthesis trocam experiências com os criadores João Brites e Vera Mantero

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Giselle Rodrigues anda com a alma portuguesa. Nos próximos meses, ela colhe os frutos de intercâmbios preciosos. A partir de quinta-feira, estará virtualmente (em vídeo) no espetáculo “Do Contra”, que estreia mundialmente na sede do Teatro O Bando, grupo liderado pelo teatrólogo João Brites. Em janeiro de 2017, segue para residência de um mês e meio, em Lisboa, com a coreógrafa Vera Mantero, uma das mais criadoras mais pulsantes da dança contemporânea da Europa.

Com o Teatro do Instante, fiz um curso de formação teatral, na sede do Teatro O Bando, conduzido por um diretor sensível. Foi transformador. Com o projeto Aisthesis, desdobramos um trabalho de pesquisa de linguagem, que se iniciou, em 2014, a partir do Rumos Itaú Cultural  

Giselle Rodrigues
Diego Bresani
Giselle Rodrigues numa demonstração de Aisthesis
A coreógrafa, diretora e cada vez mais atriz Giselle Rodrigues é ponto comum entre esses dois projetos brasilienses que atravessam o Atlântico para uma intensa troca estéticopolítica com criadores respeitados de Portugal.

Estou ao lado de artistas especiais que fortalecem a minha forma de pensar a arte. Eles me colocam no lugar do questionamento e de novos olhares. Esse movimento promove um sentimento de comunhão e de confiança de que nossa arte trabalha para fortalecer um bem imaterial incalculável de afetos, círculos e encontros

Giselle Rodrigues
Teatro do afetos
Humberto Araújo
Com uma investigação crescente na ocupação e na investigação de espaço nada convencionais, o Teatro do Instante escreve uma reviravolta em sua trajetória, iniciada em 2009, a partir dessa intersecção de pesquisa com o Teatro O Bando. O intercâmbio permitiu que os artistas do coletivo brasiliense viajassem duas vezes a Portugal para cumprir os sete módulos do curso de formação de ator, propostos por João Brites, além da apresentação do espetáculo “En Contra”, a partir da obra do escritor catalão Esteve Soler. Na quinta-feira, o grupo estreia “Do Contra” na sede do coletivo português, ficando em cartaz até o dia 11.12.

É uma experiência de aprofundamento na nossa pesquisa a partir desse contato com João Brites e do Teatro do Bando. Investigamos a dimensão da experiência teatral, por meio da exploração do que Brites chama de “máquinas de cena”, são cenários que influenciam diretamente na dramatúrgica espetacular

Alice Stefânia
O Teatro do Bando prepara-se para a estreia de “Do Contra”
Alice Stefânia é uma das quatro professoras da UnB que estão no Teatro do Instante. Ao lado de Rita de Almeida Castro, Giselle Rodrigues e Bidô Galvão, todas artistas que construíram carreiras de destaques na cena brasiliense. Uniram-se por afinidades a intérpretes independentes, como Rachel Mendes, William Ferreira, Marcelo Pelucio, Fernando Santana e Diego Borges, para formarem um grupo que pesquisa a gênese da experiência teatral contemporânea.
Humberto Araújo
Experimento “Em Contra” na área do Jardim Botânico

É um processo muito cuidadoso de criação e de pesquisa. No Teatro do Instante, percebo o lugar da delicadeza

Bidô Galvão

A primeira montagem, “Pulsações”, a partir do universo poético de Clarice Lispector, explorava a sensorialidade por meio dos sentidos, com ênfase no olfato e no paladar. O espectador era retirado do seu lugar cativo de observador por meio desse envolvimento afetivo. Havia também uma forte preocupação com a corporeidade, com a música e as metáforas visuais. Um dos aspectos mais interessantes nessa montagem era uma nítida pesquisa com a dramaturgia dos sentidos.

O catalão Esteve Soler nunca tinha sido montado no Brasil

Descobrimos Esteve Soler, numa viagem a Espanha. Eu e Rita de Almeida Castro fomos a livraria do Carlos Gil Zamora (crítico, editor da revista “Artez” e parceiro do Cena Contemporânea). Ele nos indicou alguns dramaturgos. Quando lemos a trilogia (“Contra o Progresso”, “Contra o Amor” e “Contra a Democracia”, decidimos que queríamos montá-lo. Ele era inédito no Brasil e já estava montado em cerca de 20 países. São textos fortemente políticos

Alice Stefânia
João Brites fundou o Teatro O Bando em 1974

Nossa vida é como uma viagem feita de encontros e desencontros. Muitas coisas esquecemos. Outras recordamos. O encontro com o Teatro do Instante é daqueles que ficam na memória: pela qualidade artística e humana. A gente faz teatro pra ficar com pessoas, melhorar a vida das pessoas, portanto, quando nos encontramos com gente tão boa, é um prazer que se transforma em continuidade

João Brites
 cartaz instante“Do Contra” é dirigido por João Brites. O texto da autoria do espanhol Esteve Soler e inclui as peças “Contra o Amor” e “Contra a  Democracia”, premiadas em 2012 com o Godot Prize, que distingue o melhor texto teatral do ano na França.
A sede do Teatro do Bando fica no Vale dos Barris, em pleno Parque Natural da Arrábida, em Palmela (a 28 quilômetros de Lisboa).
Laços poéticos
Diego Bresani
Francis Wilker comanda cena de Aisthesis
Enquanto João Brites e o Teatro do Instante apresentam ao público português o resultado dessa parceria, os artistas do projeto Aisthesis (“o que chega pelos sentidos “) entram em sala de ensaio para amadurecer a ideia de um espetáculo, sob a coordenação de Vera Mantero.

A expectativa é grande porque Vera Mantero é extremamente sensível, conectada aos temas atuais do mundo

Giselle Rodrigues
Ao lado de Giselle, Francis Wilker, Kênia Dias, Jonathan Andrade e Glauber Coradesqui desembarcam com uma grande quantidade de materiais cênicos criados em dois intensos anos de trabalho. Vera os provocou em Brasília num período curto que veio participar do projeto.
Diego Bresani
Jonathan Andrade: territórios misturados

Todos fomos muito provocados nesse processo. Um tirou o outro da zona de conforto. Foi uma transformação profunda. Não consigo fazer nada agora que não passe por essa experiência

Jonathan Andrade
Em Brasília e em São Paulo, eles demonstraram algumas performances do Aisthesis e provocaram o olhar dos espectadores, ora com happening, como o ocorrido num café desativado do Museu Nacional Honestino Guimarães, ora como cenas autônomas. Criadores potentes, os artistas apresentavam situações cênicas contaminadas pelo todo, formado pela mistura desses criadores.
Vera Mantero vai dirigir o espetáculo do Aisthesis
Vera Mantero, que esteve em Brasília também com o espetáculo “Os Serenhos do Caldeirão”, é uma das criadoras portuguesas mais respeitadas e viaja o mundo em turnê. A ideia é que ela aponte os caminhos diretorias para um espetáculo. Enquanto isso, o grupo aproveita a estada para performar em Porto e em Lisboa.
Os dois projetos brasilienses viajam com recursos do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Teatro do Instante ainda teve o apoio do Fundo de Apoio à Pesquisa (FAP) DF.

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