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Netflix ainda vai cancelar mais séries. É triste, mas normal

Nem mesmo o beijaço de protesto pela volta de “Sense 8” pode mudar a tendência

atualizado

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1 de 1 Sense8-2a-temporada-01 - Foto: Reprodução

Em uma semana, “Sense8” e “The Get Down” foram canceladas pela Netflix. Não foram as primeiras, apenas as mais recentes. Nessa lista, também aparecem “Marco Polo” e “Lilyhammer”. O fim (antecipado) dos seriados coloca o serviço de streaming na rota dos principais produtores de conteúdo: produtos pouco rentáveis, em um mercado absurdamente competitivo, vão ser abandonados.

HBO, TNT e ABC cancelam projetos constantemente. Faz parte do jogo. Por que a coisa ficou mais intensa com “Sense8”? A Netflix é uma produtora e um produto de tecnologia, que usa, principalmente, as redes sociais como uma ferramenta de divulgação. O Facebook, por meio de um algoritmo, mostra aquilo que você deseja ver. Isso cria bolhas e ilusões.

“Sense8” é vítima dessa bolha. A série, produzida pelas irmãs Wachowski (“Matrix”), tinha um roteiro de ficção marcado por vários elementos de diversidade (racial, sexual etc). Temas que nunca conseguiram financiamento facilitado. Uma pessoa progressista, provavelmente, relaciona-se com outras que pensam da mesma forma. Cria-se a ilusão de que o programa era um sucesso. Pois bem, não era.

Confira séries canceladas pela Netflix:

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Com custos elevadíssimos, a série não deu o retorno financeiro e de audiência necessários para a manter em produção. O cancelamento foi inevitável. Talvez nos primórdios do boom da Netflix, a situação fosse diferente. Porém, o serviço de streaming agora está lado a lado das gigantes do entretenimento e joga com a lógica existente. O mercado da atenção exige apenas acertos.

Convenhamos, a Netflix tem acertado bem mais do que errado. “House of Cards”, “Orange Is the New Black”, “13 Reasons Why”, “Dear White People” são produções originais, ousadas e, até então, duradouras. O pensamento do CEO da empresa, Reed Hastings, vai nessa direção:

Atualmente, nossa taxa de acerto está muito alta. Nós cancelamos poucas séries. Estou sempre provocando o time de conteúdo dizendo que temos que nos arriscar mais, temos que tentar mais coisas malucas. Porque nós deveríamos ter uma taxa média de cancelamentos mais alta

Reed Hastings

A mesma declaração, porém, deixa claro que o novo padrão de controle aceita sucessos grandes, nada de conteúdos mais ou menos. Então, meus caros, não adianta fazer beijaço. “Sense8” se foi, outras irão — pro bem ou pro mal.

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