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Suas verdades servem apenas a você. E por enquanto

Desacreditar é um exercício de crescimento. Por melhor que seja, a segurança de uma verdade restringe as demais possibilidades

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1 de 1 emoção psicologia - Foto: iStock

Cada ser humano dotado de consciência tem um repertório de verdades. Uns, se contentam com aquelas mais limitadas e restritivas. Outros, mais abertos a novas perspectivas (felizes desses, e de quem com eles convive). Só não conseguimos viver sem ter no que acreditar.

O mundo é um caos: um bombardeio de ideias, imagens, acontecimentos e emoções. No meio dessa história, um negócio chamado consciência: a percepção do que acontece em si e no seu entorno. É o nosso barco, aquilo que nos transmite uma certa segurança para que não fiquemos à deriva em meio a este oceano turbulento.

Sendo essas águas quase sempre muito agitadas, buscamos locais nos quais podemos ancorar nosso barquinho. As verdades servem para isso: elas nos dão a impressão de segurança diante dessa imensidão incontrolável. São ilusões necessárias, que buscamos simplesmente para não naufragar na imensidão.

A cartilha que nos define a realidade começa a ser escrita antes mesmo de nosso nascimento: ao descobrir a concepção, uma série de conceitos começa a orbitar em torno do ser que desponta. Desejado ou um susto, primeiro ou caçula, menino ou menina, gestação tranquila ou repouso. Tudo isso gera suposições sobre nosso futuro, e sobre o que acreditaremos.

Obviamente, e graças a Deus, a alma tem a chance de manifestar-se além dessas expectativas projetadas. Aos poucos, despontam nossos talentos, temperamento. Abrimo-nos a outras influências, criamos outras referências…

E, aos poucos, rasuramos algumas dessas verdades para substitui-las por outras, mais pertinentes ou oportunas. Ou seja, a eficácia de nossas crenças é transitória. Serve enquanto nos oferece o esteio, a segurança. Verdades vencidas viram conflitos.

Deveríamos substituir nossas crenças sempre que perdem função. Mas não é tão simples. Mantemos com elas uma estranha fidelidade. Uns garantem que por gratidão. Do que percebo, muito mais pelo medo do desconhecido.

Afinal, enquanto navegamos entre um porto e outro, estamos suscetíveis às intempéries do mar das coisas do mundo. Monstros marinhos podem emergir e testar nossa capacidade de enfrentá-los. Podemos ser tomados pela incerteza de quem somos, do sentido das coisas.

Esse pesadelo terrível faz com que muitos se apeguem às velhas pedras do cais, sem ver que já estão desgastadas pelo uso. Não percebem também que a incoerência enferrujou as correntes que usam para se fixarem.

Desacreditar é um exercício de crescimento. Por melhor que seja, a segurança de uma verdade restringe as demais possibilidades. Basta lembrar que os grandes tesouros não repousam nas margens, e sim no profundo das águas.

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