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“Oi, sumid@”: a nova senha das relações abusivas

Você, de fato, não faz diferença ali. Mas o que você é capaz de proporcionar, sim

atualizado

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Gui Primola/Metrópoles
oi sumida
1 de 1 oi sumida - Foto: Gui Primola/Metrópoles

Assim, imprevisível e inesperado, justo de quem há muito tempo sequer acena em sua direção. Surpresa. “Oi? Tá sumid@. O que tem feito?”. Antes mesmo de elaborar uma resposta, já vemos o aviso de que fulan@ está escrevendo. Daí é certeiro: só esperar para saber que a pergunta foi retórica, e que, no fundo, a criatura não quer saber o que se passa com você.

No fundo, o interesse está no alívio imediato que você pode proporcionar a algum problema por lá enfrentado. A solução pode estar naquilo que você sabe fazer, naquilo que tem, no prazer que pode proporcionar. Quanto menor o escrúpulo de quem pede, maiores os elogios usados para embalar o pedido.

A partir daí, depende de sua disponibilidade. Mas saiba que, se resistir, a história vai se reverter contra você. Será destacado o seu egoísmo – seja num discurso vitimário ou raivoso. Questionarão o que custa – sem entender que, de fato, custa muito sentir-se manipulado.

E, pra encerrar, vem o drama, o ressentimento. A promessa de que nunca mais, ou a praga de que a vida dará o troco. E, se você não tiver lucidez, este argumento poderá te seduzir. A estratégia é simples: você não me atende, então amargue a culpa de ser quem é.

Daí é só reler o diálogo e perceber que você estava em seu canto. Que não contava mais com a presença de tal pessoa na sua vida, para nada. Que, afinal, não estará perdendo tanto como se faz parecer. Afinal, só perdemos aquilo que temos.

Você, de fato, não faz diferença ali. Mas o que você é capaz de proporcionar, sim. A importância de reflexão sobre esse tema não diz respeito apenas ao óbvio, ou seja, da prevenção contra tais armadilhas. Temos de reconhecer que, muitas vezes, somos nós os predadores.

Relações por conveniência não são novidades. Tendemos a escolher atalhos, usar de artifícios para facilitar a vida. Isso, em si, não é um erro. Até que, num determinado momento, percebemo-nos manipulando o outro para saciar imediatamente nossos desconfortos.

Observar e impedir tal dinâmica compõe uma espécie de responsabilidade emocional que precisamos adquirir. Tanto para que não abusemos, quanto para que não nos sintamos abusados.

Bem mais interessante saber imprimir uma distância cautelar a depois lidar com as queixas, a frustração, o desconforto. Muitos dos enganos que acontecem poderiam ser evitados se não nos cegássemos com expectativas vazias, geradas pela fantasia de sermos reconhecidos por alguma importância.

Há quem me acusará de falta de solidariedade, mesquinharia. Mas não é essa a intenção. Devemos apenas aprender a valorar nossos talentos e recursos. Somos os principais interessados em defendê-los. Não adianta colocar as joias no cofre e manter a porta aberta, ao acesso de qualquer um.

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