Carta de amor ao que sou
Eu. Nua, E. Crua. Em um poema que virou uma autoanálise
atualizado
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Querida Daniela,
O que é você?
Quem é você?
O que te define?
O que você foi?
É?
Um dia vai ser?
Eu sou movimento. E não a ilusão do que se deixa definir e rotular.
Fui muita culpa, muito medo, muita agressão.
Fui erros e acertos.
Fui fugas, vícios, exageros.
Um mar de auto-críticas e exigências.
Comigo. Com o outro.
Fui insegurança, medo da falta.
Receio de frustrar.
Terror de perder.
Necessidade de controlar.
Fui invasão, abuso, interferência.
Prepotência de salvar alguém.
Pressa de evoluir.
Impaciência de esperar.
Ansiedade de me tornar.
Criança deixada de lado, abandonada, ferida.
Fui falta. Fui medo.
Fui fome de amor, segurança e carinho.
Fui rejeição. Fui trocada.
Fui criticada. Culpada.
Calada, amordaçada, tampada.
Colei-me a esses diversos lugares, por necessidades mil.
Por vontade talvez de pertencer a histórias.
Me categorizar, parar, estancar.
Fui, sim, tudo isso!
Passei por isso.
Mas sou – sobretudo – movimento.
Este, nunca passa.
Comi muito mais do que precisava.
Chorei, dramatizei, compliquei.
Mas fui! Experimentei!
Senti o que pude nas escolhas vividas…
E, quer saber? Tudo bem!!!!
A mãe que não cresce.
A filha que exige.
A esposa carente, em demandas crescentes.
Olhar sempre fora…
Alheio ao “dentro”.
Mas que agora, desperta!
Focado no centro.
Como entender, tocar, viver…
… algo tão intangível como a essência do Ser?
É experimentar-se sempre, a cada momento.
Sentindo a vontade, conectando com o sentimento.
Sem apego, livre, leve e solta.
E, ainda assim, pertencendo:
Sou a mulher, a mãe, a esposa.
A filha, a irmã.
A profissional, a pessoa que escolhi ser, até aqui.
Mas, sobretudo, livre, para escolher novas verdades…
A cada momento.
Minha verdade – agora – é que sou amor em movimento.
Sou as escolhas dos sentidos que dou ao meu caminhar.
Sou fogo, sou vento, sou terra, sou água.
Sou luz e sombra.
O tudo em mim e eu n’Ele.
Me perdoo. Me admiro.
Por tudo que fiz, pelo que faço, pelo que consigo ser.
Já que a vida é movimento, e só anda pra frente…
Sigo confiante nessa luz que me habita, incontestavelmente.
Sem lenço, sem documento,
Sou somente…
O amor que consigo expressar no momento.
O resto é tempo, espelho, experiência…
Na poeira das horas,
Nos rastros do cometa vida.
Sou gratidão, sou reconhecimento.
Sou o respeito consciente pelos processos dos que me cercam.
Em suas vidas, vejo beleza.
Caminhada.
Florescimento.
Respiro devagar…
Aceito.
Respiro de novo…
Observo neutro.
Respiro mais uma vez…
Agradeço.
Inspiro devagar.
Me compadeço.
Expiro o ar.
Sirvo em silêncio.
Por fim, adormeço…
Ao som da sinfonia do que estou.
Sorrio, e me entrego…
Amo.
Sou.