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Meu filho gosta de desmontar os brinquedos. Devo repreendê-lo?

Claro que eu fico frustrada ao ver muitas coisas feitas em pedaços. Mas, afinal, para que serve a infância se não para fazer experiências?

atualizado

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crianças bagunça
1 de 1 crianças bagunça - Foto: iStock

Quando eu era criança, ganhei da minha mãe uma máquina de escrever de brinquedo. Não lembro direito qual foi o “contexto” do presente – a ideia de virar jornalista só apareceu muito tempo depois –, mas sei que aquele era um brinquedo especial. Caro e bacanudo, ficava em uma gaveta no meu guarda-roupa, sendo dali retirado com todo o cuidado, para ser usufruído com muita cautela.

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Pois um dia minha irmã mais nova achou a tal gaveta e desmontou a minha máquina de escrever em poucos segundos. Era o fim do tal brinquedo, que mal havia sido utilizado. Só não fiquei mais arrasada do que minha mãe, e, até hoje, pegamos no pé da minha irmã por esse espírito destrutivo.

Essa história teria ficado em algum lugar do passado não fosse o destino e a genética tão impressionantes. Meu filho mais velho carrega em si o que parece ser a mesma predisposição da minha irmã para desmontar as coisas. Não é exagero: ele transforma em pedaços quase tudo que pega na mão.

No início, eu ficava simplesmente revoltada, procurando entender onde é que eu estava falhando. Todos os meus apelos de “não destrói, Miguel, você vai ficar sem” pareciam inúteis. Achei que era alguma falha de caráter ou mesmo uma forma de ele demonstrar que estava entediado. Mas daí eu comecei a perceber que, ao desmontar, ele estava ressignificando as coisas.

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Então, uma pista Hot Wheels, por exemplo, vira um túnel, e as borrachinhas que, originalmente, fazem a propulsão dos carrinhos, se transformam em pedaços robóticos nas mãozinhas do Miguel. E ele vai entrando na brincadeira, fantasiando seu próprio mundo, aprendendo a dar novas funções para os objetos que encontra.

Claro que eu fico um pouco frustrada ao ver muitas coisas feitas em pedaços. Claro que tentamos salvar alguns itens mais especiais (assim como fez a minha mãe com a tal máquina de escrever). No fundo, às vezes, somos nós, adultos, que damos grande importância para os brinquedos. Mas, afinal, para que serve a infância se não para fazer experiências?

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