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Como devemos cuidar dos dentinhos dos nossos filhos?

Odontopediatra explica por que é importante darmos atenção à higiene bucal desde o nascimento

atualizado

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sorriso criança
1 de 1 sorriso criança - Foto: iStock

Toda noite é a mesma coisa: tomar banho, jantar, escovar os dentes e ir para cama. E dependendo do cansaço das crianças, da choradeira e do estresse, uma dessas coisas acaba sendo sacrificada por, pelo menos, um dos meus filhos. Adivinha o que é? Isso mesmo, escovar os dentes.

Infelizmente tem dias em que o mais velho “desmaia” no sofá, enquanto eu tento controlar o mais novo, e daí eu só fico imaginando que os bichinhos estão lá, destruindo os lindos dentinhos dele. Claro que estou dramatizando, mas sei o quanto é importante estabelecer uma rotina para a higiene bucal dos pequenos – e o quanto é difícil construir essa rotina.

“Os cuidados com os dentes de leite são essenciais”, diz a odontopediatra Renata Vital. “Eles servem como um guia para a formação dos dentes permanentes. Se houver uma perda precoce devido a uma queda ou cáries, isso pode gerar sérios problemas”, adverte.

Na entrevista abaixo, Renata esclarece algumas das principais dúvidas dos pais sobre esse assunto:

Como e quando deve começar a higiene bucal das crianças?
Os cuidados devem começar logo depois do nascimento. Em bebês que ainda não têm dentes, o ideal é que seja feita uma higienização com uma gaze embebida em soro fisiológico ou água filtrada, no mínimo, duas vezes ao dia.

Quando deve começar a escovação propriamente dita?
Assim que nascerem os primeiros dentinhos, o que costuma ocorrer por volta dos 6 meses de vida. Para a higiene bucal desses bebês, há escovas específicas, com o cabo reto e longo, e pastas de dente sem flúor, sem aditivos químicos e de sabor suave. A formação de placa bacteriana começa já com os primeiros dentes; se ela não for retirada, pode haver o surgimento de cáries. Também é importante fazer o uso do fio dental, mesmo em bebês. Há dispositivos que auxiliam nesse processo, com fios montados.

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A amamentação e/ou uso de mamadeira durante a noite prejudica a saúde dos dentes das crianças?
O leite materno é um alimento completo e natural, mas ele também causa o depósito de placa. Assim, é importante fazer a higienização. É claro que, se a criança mama durante a madrugada, nós não vamos fazê-la escovar os dentes depois de cada mamada. Minha recomendação é que os pais caprichem na higiene bucal, três vezes ao dia, sempre após as refeições. E, caso a criança mame à noite, seja feita uma higiene com a gaze embebida em água ou soro. Não vai resolver 100%, mas ameniza e ajuda a evitar a formação da placa. A mesma recomendação vale para quem usa mamadeira e fórmulas artificiais sem açúcar na composição.

Como “convencer” uma criança pequena de que ela precisa escovar os dentes?
O aspecto educativo é um dos mais importantes nessa fase. Há crianças mais colaborativas e outras mais reativas; é preciso insistir na disciplina, na importância da higiene bucal, mas sem transformar isso numa guerra. Até os 3 anos a escovação pode ser feita no colo ou com a criança deitada. Mas é essencial criar o hábito e manter a rotina, mesmo que a criança não goste. Caso contrário, ela acabará sempre gritando mais alto para interromper o processo. O trabalho é árduo, mas compensa.

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Quando devemos levar ao dentista?
Tenho pacientes que me procuram logo depois do nascimento, para fazer uma avaliação da formação do palato, do freio lingual e do freio labial. Entretanto, essencial mesmo é levar quando surgem os primeiros dentes. Nessa primeira consulta, fazemos uma avaliação e também ensinamos as técnicas para a correta higienização da boca.

Qual o risco de ter um dente de leite comprometido?
Costumo dizer que a natureza não perde tempo com nada. Os dentes de leite servem como um guia para a formação dos dentes permanentes. Se houver qualquer comprometimento, com quedas ou cáries, isso pode prejudicar o futuro da saúde bucal do indivíduo. Os permanentes podem nascer manchados, deslocados ou com estrutura anatômica deformada. Eu já tive contato com o caso de uma criança com uma infecção grave no sangue devido à presença de uma bactéria típica da flora bucal. Então, não podemos descuidar.

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