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“Nem vou nessa porra”, diz secretário adjunto de Articulação Política, Igor Tokarski, sobre a primeira reunião dos deputados distritais do ano

Em mensagem trocada num grupo de WhatsApp, o secretário Igor Tokarski se valeu de uma expressão pouco elegante para dizer que não iria comparecer ao encontro de colégio de líderes. Ele disse ao Metrópoles que a mensagem foi enviada para o grupo errado

atualizado

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Daniel Ferreira/Metrópoles
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1 de 1 igor tokaski - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O que se pode esperar de um assessor do GDF que ocupa um cargo na articulação política do Palácio do Buriti? Que ele faça o meio de campo entre o governador e os deputados distritais, claro. Uma função espinhosa, cheia de melindres. Saber equilibrar as forças entre os Poderes Legislativo e Executivo exige perícia, discrição, jogo de cintura nos bastidores e muita, mas muita cautela no trato público.

Pois bem, justamente na estreia do ano legislativo, o secretário adjunto de Relações Institucionais e Sociais, Igor Danin Tokarski, em vez de pisar em ovos, deu aquela espatifada no tomate.

O relógio marcava exatamente 15h03 da tarde desta terça-feira (2/2), quando o subsecretário de Relações Legislativas, Sérgio Nogueira, o Serginho, postou, em um grupo de WhatsApp do qual Tokarski faz parte, as seguintes mensagens: “Boa tarde. 8 deputados na reunião de líderes”.

A reunião de líderes, para quem não está familiarizado com o assunto, é o momento em que os deputados discutem a prioridade de pautas que serão levadas ao plenário. Importante sempre. E, especialmente, significativa na abertura dos trabalhos.

Mas Tokarski não achou o encontro relevante. Na mesma conversa, ele perguntou sobre “a pauta”. Serginho respondeu: “Nada”, e passou a relacionar os nomes que estavam presentes à reunião (Wasny de Roure, Agaciel Maia, Wellington Luiz, Raimundo Ribeiro, Rodrigo Delmasso, Bispo Julio César, Roosevelt Vilela). Foi aí que Tokarski mandou um nada elegante: “Nem vou nessa porra”, “rs”. O diálogo entre os dois se deu em um grupo de WhatsApp integrado por assessores da Secretaria de Relações Institucionais e Sociais, o Seris.

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De fato, Tokarski não esteve presente à reunião do colégio de líderes. Ele foi à Câmara Legislativa um pouco depois, acompanhando o chefe, Sérgio Sampaio, secretário-chefe da Casa Civil.

Logo após a reunião de líderes, o Metrópoles entrevistou Sérgio Nogueira e, sem saber do vazamento da conversa pelo WhatsApp, ele disse que, de fato, a reunião não havia avançado em nada sobre o encaminhamento de projetos. Segundo ele, os deputados falaram de tudo, menos da pauta de plenário. Talvez porque a presidente da Câmara, Celina Leão (PDT), esteja viajando em missão oficial para os Estados Unidos. A vice-presidente, Liliane Roriz (PRTB), também está fora — fez uma cirurgia na boca e apresentou atestado.

Prestígio em baixa
Se os distritais notaram a ausência de Tokarski na reunião de líderes, sentiram mais ainda a falta de Rodrigo Rollemberg (PSB) na abertura dos trabalhos. É de praxe que o governador compareça à primeira sessão na Casa Legislativa. Mas, desta vez, o socialista mandou seu chefe da Casa Civil, que leu uma mensagem de 31 páginas em nome do GDF. Rollemberg estava representando os governadores na reunião de líderes do Senado Federal.

O líder do governo na Câmara, deputado Júlio César (PRB), falou numa roda com os colegas Cristiano Araújo (PTB) e Roosevelt Vilela (PSB) que Rollemberg teria “marcado um golaço” se tivesse comparecido à cerimônia, “mostraria admiração pela Casa”. Tudo bem que Rollemberg não marcou um golaço com os distritais, mas problema mesmo foi o gol contra de seu secretário de articulação política.

Procurado pelo Metrópoles, Tokarski explicou o episódio: “Mandei mensagem no grupo errado, não estava me referindo a essa conversa, estava conversando em vários grupos, inclusive sobre o carnaval. Já estava na Câmara, não tinha por que falar uma coisa dessas. Estava com o Sérgio Sampaio, que iria ler a mensagem para os deputados”.

Quarenta minutos após o Metrópoles publicar esta reportagem, Tokarski enviou, via WhatsApp, mensagem aos distritais. Será que desta vez ele acertou o grupo?

Confira a íntegra da nota:

Prezados Deputados e Deputadas,

Há pouco foi veiculada uma notícia em um site sobre uma frase expressada por mim em um grupo de WhatsApp. Digo-lhes que a mensagem não faz referencia à instituição da Câmara Legislativa do Distrito Federal. Prezo por muito respeito à essa Casa de Leis e jamais me referiria dessa forma.

A frase foi escrita para um grupo de amigos, de linguagem informal, no qual falamos de amenidades e falávamos no caso de um evento no período de carnaval. Além de respeitar e muito a instituição, tenho profundo respeito por seus integrantes, parlamentares e servidores.

Todas as minhas manifestações a respeito da CLDF e parlamentares foram a base de respeito e urbanidade! O histórico fala por si. Além disso, no momento da mensagem eu me encontrava na CLDF para os trabalhos da ordem do dia, acompanhando o secretário Sergio Sampaio.

Assim, por fim, rechaço a tentativa sensacionalista que tentam dar para prejudicar esse convívio sempre respeitoso, mesmo após ter explicado em qual contexto a frase fora escrita e enviada a um grupo errado de WhatsApp.”

(Colaboraram Ary Filgueira e Manoela Alcântara)

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