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Três livros brasilienses faturam prêmio internacional em Los Angeles

Os brasilienses venceram em três das quatro categorias existentes para livros publicados originalmente em português. Na categoria Não-Ficção, não houve vencedor

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Livro literatura leitura
1 de 1 Livro literatura leitura - Foto: iStock

Reprodução/InternetTrês livros de autores brasilienses conquistaram, na semana passada, em Los Angeles, o Prêmio International Latino Book Awards (ILBA), de Melhor Livro publicado originalmente em Língua Portuguesa, nas categorias Infantil Ilustrado, Juvenil e Ficção. Os brasilienses venceram em três das quatro categorias existentes para livros publicados originalmente em português. Na categoria Não-Ficção, não houve vencedor.

“Por que eu?”, de Sinélia Peixoto, faturou o título de Melhor Livro de Ficção. Lançado em 2015, pela Chiado, o livro faz parte de uma trilogia que narra os dramas, conflitos e desafios de uma jovem mulher, Elizabeth, em Brasília. Ela vive um intenso momento de transição entre a liberdade dos vinte e os compromissos e cobranças dos trinta.

A autora, professora da Secretaria de Educação, conta que o livro nasceu de um desafio imposto pelo seu terapeuta, para que escrevesse um diário. Ao invés disso, escreveu uma ficção premiada. Acho que depois do prêmio valeria um telefonema de agradecimento ao terapeuta.

Reprodução/Facebook

“A parede branca do meu quarto”, de Marina Oliveira, por sua vez, faturou o prêmio de Melhor Livro Juvenil. O livro foi publicado pela Thesaurus, também em 2015, e conta a história de Mariana, uma estudante adolescente que fica marcada por um episódio de surto durante uma prova na escola.

Em seu último ano antes do famigerado vestibular, ela tem de mudar de escola e enfrenta o preconceito e a crueldade das redes sociais. Também vive um momento de transição. Marina, a autora, é dez anos mais velha do que Mariana, sua personagem, e é jornalista e também cantora.

O título de Melhor Livro Infantil Ilustrado ficou com “Faço, Separo, Transformo”, de Marcelo Capucci e Marcos Linhares. O livro, publicado também em 2015, também pela Thesaurus, nasceu do projeto de Capucci com a reciclagem de material para a produção de instrumentos com seus alunos da rede pública, o Percussucata.

O próximo passo foi a parceria com o jornalista Marcos Linhares para a produção de um livro educativo sobre o tema. Nascia “Faço, Separo, Transformo”. Capucci, além de professor é o baterista da banda de rock Plebe Rude. Já Marcos Linhares, além de jornalista, é o Presidente do Sindicato dos Escritores do Distrito Federal.

Reprodução/Internet

O Sindicato dos Escritores, aliás, está por trás do sucesso dos autores brasilienses no prêmio, já que divulgou a disputa entre seus filiados e estimulou as inscrições. Além dos agraciados com as primeiras colocações, todos filiados, o Sindicato teve dois autores classificados em segundo lugar: Beatriz Leal, com o livro “Mulheres que mordem”, na categoria de Melhor Ficção, e Pedro Ivo Peres de Santana, que ficou em segundo lugar na categoria Melhor Livro Infantil Ilustrado, com “A Arara no Cerrado”. O mesmo autor ainda teve uma menção honrosa, com outro livro da mesma coleção: “O Lobo-Guará no Cerrado”.

Outra conexão entre os autores vencedores, nesse caso as vencedoras nas categorias de ficção e infanto-juvenil, é que ambas fazem parte do coletivo Escritoras do DF.

O Prêmio International Latino Book Awards existe desde 1997 e essa foi sua 18º edição. Concede prêmios em quase 90 categorias, em oito grandes grupos. Foi criado, originalmente, para premiar os livros e autores de língua espanhola nos Estados Unidos, ou publicados em espanhol e traduzidos para o inglês, ou traduzidos de outra língua para o espanhol.

A ligação com a língua espanhola era a prioridade, tanto que um dos principais patrocinadores do prêmio durante alguns anos foi o Instituto Cervantes. O prêmio tem grandes autores de língua espanhola entre seus ganhadores. Em 2015, por exemplo, Isabel Allende levou o prêmio de melhor romance.

A partir de 2013, em sua 15º edição, passou a incluir um novo grupo, com oito categorias, para livros publicados em português, sendo quatro – Infantil Ilustrado, Infanto-juvenil, Ficção e Não-ficção – para livros publicados originalmente em português e os mesmos quatro para livros publicados em outra língua e traduzidos para o português. Trata-se de uma resposta ao aumento do mercado lusófono nos Estados Unidos. As categorias para livros publicados em língua portuguesa são, assim, relativamente recentes, e o número de inscrições ainda deve crescer bastante.

O prêmio é aberto para livros publicados até dois anos antes das inscrições, de qualquer lugar do mundo, desde que dentro das categorias de língua existentes (escrito ou traduzido para espanhol e português). Neste ano, os organizadores receberam inscrições de dezessete países. Parabéns aos escritores do quadradinho. Yes, nós temos letras!

Agenda:

  • 12, 13, 14 e 16/09, às 15h – Espetáculo “Poesia, Cordel e Cantoria”, com os repentistas João Santana e Valdenor de Almeida, dentro do Projeto Poesia em Voz Alta: arte, reflexão e emoção, na Associação Nacional de Escritores (707/907 Sul, Bloco F)
  • 17 e 18/09, sábado e domingo, das 15h às 21h – 3.a Edição da Feira Literatura Independente “A Outra Margem” , no Ernesto Café, 115 Sul. Vários autores
  • 17/09, sábado, das 15h às 21h, lançamento do livro de poemas “Terminal”, do seu amigo colunista aqui, dentro da Feira Literária “A Outra Margem” , no Ernesto Café, 115 Sul

Pixaim
Quem tem medo
do meu cabelo pixaim?
Ele não espeta
Não tem mau cheiro
Simplesmente
Eleva-se ao céu
Feito seta
Tem direção certa
Símbolo da minha negritude.
Quem tem medo
Do meu cabelo pixaim?
Assim, assim
Também deve ter medo
Do meu falar alto,
Do suingue do meu corpo,
Da minha ancestralidade.
Quem tem medo
Do meu cabelo pixaim?
Não fique assim…
Sou eu que carrego a minha coroa
Cor de ébano… sim
E não me venha ditar regras
De apresentação
O meu cabelo
É a minha libertação!

Lilian Rose Marques da rocha
Revista Gente de Palavra, n. 47 (Porto Alegre)

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