Como aplicar o estilo industrial na decoração da casa

A decoração industrial chegou como tendência e se estabeleceu como queridinha dos moderninhos. Curte?

Maria Fernanda Seixas
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Um bom teste que faço para começar a entender o gosto e estilo de clientes novos é perguntar a opinião deles com relação ao concreto aparente na parede. É incrível como tudo relacionado a decoração industrial gera reações extremas. E como isso diz muito sobre as referências e a própria personalidade deles. Alguns acham o máximo, outros acham pavoroso.

Ambas impressões são válidas, mas em defesa do estilo industrial, é preciso abrir um pouco a cabeça para entender como esse estilo se estabeleceu. Para isso é preciso ir lá para Nova York de duas, três décadas atrás. Com os bairros centrais de Manhattan cada vez mais disputados pelo mercado mobiliário e cada vez mais ocupados pelos endinheirados, a garotada descolada, ainda no começo da vida e sem grana, foi indo cada vez mais para bairros periféricos ou mesmo ocupando antigas áreas industriais abandonadas em Manhattan.

Ambiente da arquiteta Maria Fernanda Del’Isola

 

Assim, velhas fábricas, galpões, igrejas desocupadas e indústrias desativadas eram opções amplas, baratas. E o melhor, dentro da ilha novaiorquina. Esses espaços se tornaram moradia da comunidade artística que, cheia de boas ideias e estilo, transformou velhos prédios em lofts superdescolados e criativos. Mantiveram a estrutura aparente de canos, tijolos, concreto, luminárias de ferro e adicionaram a esse clima um lar: sofá gostoso, cama, a cozinha, quadros.

As soluções decorativas eram tão interessantes que a galera das áreas residenciais começou a copiar o jeitão industrial, e ainda assim aconchegante, desses novos lares, e assim o estilo nasceu. Desde então essa escola se estabeleceu.

Mas nem todo mundo abraçou a ideia. As opiniões mais críticas costumam focar essas características marcantes do estilo:

1. Estrutura aparente. A ideia pode parecer tosca à primeira vista, mas deixar as estruturas à mostra, sejam vigas, colunas de concreto, paredes de tijolos estruturais dá personalidade e força ao ambiente. Fora que essa opções são, por si só, texturas decorativas. Com uma parede linda dessas, não é preciso encher o espaço de cor ou objetos.

2. O ferro e a madeira gasta pra dentro de casa: Objetos de ferro levemente oxidados, madeira descascada. Muita gente só levaria esses objetos para casa depois de uma restauração. Mas são eles que garantem a bossa industrial para apartamentos comuns. Tem que ter estilo para sustentar a ideia.


3. Tudo à vista: Tal quais as fábricas, lares com esse estilo tendem a ter menos portas. Tanto como divisórias de ambiente, quanto nos armários. As prateleiras ficam aparentes, expondo os objetos.


4. Espaços unificados: Em geral, quando o estilo é levado ao pé da letra, busca-se ao máximo abrir as paredes da cozinha, da sala e até dos quartos para integrar ao máximo os espaços e criar o clima de loft tão almejado pelos moderninhos.


5. A polêmica parede de cimento queimado. Ela não precisa ser verdadeiramente estrutural. O reboco em si. No mercado estão disponíveis várias marcas que vendem essa textura pronta. A massa cinza é aplicada com uma desempenadeira e depois recebe uma mão de cera.


Vale até no teto:
6.Tubulações aparentes: Assim era nas fábricas, assim se tornaram os lofts industriais. As tubulações aparentes trazem a força dessa proposta brutalista e ficam sim, muito bonitas, quando dentro do contexto industrial decor.


Para se inspirar no estilo, não é preciso ter todos esses elementos juntos em um só espaço. Alguns toque industriais, como luminárias compostas apenas de lâmpadas de filamento e fios e cadeiras de ferro, como nesse projeto, já são uma aposta industrial menos literal.

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