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Presidente do STF, Cármen Lúcia diz que sente discriminação de gênero

“O preconceito nem precisa ser dito”, declarou

atualizado

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Fernando Frazão/Agência Brasil
Carmen Lucia editada
1 de 1 Carmen Lucia editada - Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Segunda mulher a presidir o Supremo Tribunal Federal em 125 anos, a ministra Cármen Lúcia voltou a defender os direitos femininos. Na manhã desta sexta-feira, 23, em conversa com jornalistas, ela afirmou que ainda sente forte discriminação de gênero na sociedade e declarou que o preconceito “nem precisa ser dito”. Atualmente, dos 11 ministros que compõem a Corte, apenas duas são mulheres – Cármen e Rosa Weber.

Questionada se o STF deveria ter mais ministras, Cármen lembrou que a competência das indicações do STF é da presidência da República e que a falta de mulheres não ocorre por falta de competência. “As coisas não se excluem, há mulheres que têm notável saber e reputação ilibada? Há. Não é porque tem que ter mais mulheres, nós queremos mais mulheres em postos porque nós conseguimos chegar em altos postos”, disse.

Cármen avalia que as mulheres estão chegando a campos onde não tinham espaço para trabalhar nas últimas décadas, porém nos cargos de liderança ainda é preciso melhorar. Ela lembrou que o cargo de procurador-geral da República nunca foi ocupado por uma mulher e considerou a posse de Grace Mendonça como advogada-geral da União, também inédito para mulheres, um avanço “Talvez esteja atrasado para nós”, completou. “É uma pena, porque as pessoas poderiam notar que as duas visões de mundo feminina e masculina se completam muito.”

A ministra disse que, mesmo tendo alcançado o posto de presidente do STF, ainda sente o preconceito na rua por ser mulher. “Não ouço comentários, mas o preconceito nem precisa ser dito. A verdade é que o preconceito passa pelo olhar. O preconceito na sociedade contra a mulher tem, esse é um fato. Isso já mudou, melhorou muito mais em relação ao que já foi”, avaliou, ponderando que não sente preconceito entre os ministros da Corte.

Ela lembrou que até a década de 1950 era raro ter mulheres na faculdade de Direito. Ela contou que quando foi procuradora-geral do Estado, em 2000, um outro procurador disse que não se submeteria ao comando feminino. Quando concorreu à vaga de professora em Minas Gerais, na década de 1980, ela disse que um homem desistiu de tentar a vaga porque afirmou que não disputaria com uma mulher.

Em sua primeira sessão como presidente do STF, há cerca de dez dias, Cármen já havia declarado que a sociedade é “extremamente preconceituosa” com as mulheres. “Há sim enorme preconceito contra nós mulheres em todas as profissões. Eu convivo com mulheres o tempo todo que são discriminadas”.

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