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Para impedir gravações, Temer instala misturador de voz em gabinete

Um dos donos da JBS, Joesley Batista, captou conversa com o presidente e a divulgou, o que comprometeu o chefe do Executivo federal

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Michel Temer
1 de 1 Michel Temer - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

Para impedir que convidados gravem conversas com o presidente Michel Temer (PMDB) na sala de despachos do peemedebista, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) do Palácio do Planalto instalou no local um aparelho. Conhecido como “misturador de voz”, o aparato atrapalha a compreensão de áudios captados por dispositivos eletrônicos, como o do empresário Joesley Batista, dono da JBS. Em março deste ano, ele gravou diálogo com Temer e o divulgou, agravando, assim, a crise política.

Na conversa, fora da agenda oficial do chefe do Executivo federal, o empresário pede a Temer aval para comprar o silêncio do ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que está preso em Curitiba (PR) desde outubro do ano passado. O diálogo veio a público. Com base na conversa e em delações do empresário, a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Temer por corrupção passiva. O processo tramita na Câmara.

O aparelho foi montado há três semanas e emite sinais sonoros, não captados pelo ouvido humano, que interferem na gravação do som ambiente. Assim, sobrepõem o áudio de diálogos feitos no gabinete. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

O Planalto também instala o dispositivo em gabinetes ministeriais. Além disso, se discute colocá-lo também no Palácio do Jaburu, onde Joesley gravou a conversa com Temer. Procurado pela reportagem, GSI afirmou que não vai se pronunciar sobre a instalação do aparelho.

O “misturador de voz” não é o primeiro dispositivo de segurança instalado no gabinete presidencial. Em maio, o peemedebista recebeu um telefone protegido por criptografia.

Gravações
Joesley não foi o único a gravar conversa com Temer. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero também captou diálogo com o peemedebista. Porém, o ex-chefe da pasta não comprometeu o presidente como fez o empresário da JBS. Calero deixou o cargo após ser pressionado pelo ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima a viabilizar um empreendimento imobiliário em Salvador (BA), no qual tinha adquirido apartamento.

À época, Temer afirmou que, como uma medida de transparência, analisava gravar as audiências promovidas no gabinete presidencial. Porém, até agora, não o fez.

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