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Lúcio Funaro depõe em inquérito contra Temer na PF de Brasília

O operador financeiro respondeu às perguntas da investigação, sobre suposto pagamento de propina para manter o seu silêncio

atualizado

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HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO
FUNARO
1 de 1 FUNARO - Foto: HÉLVIO ROMERO/ESTADÃO

O operador financeiro e ex-assessor do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), Lúcio Bolonha Funaro prestou depoimento na sede da Polícia Federal, em Brasília, nessa quarta-feira (14/6). A oitiva  trata do inquérito no qual o presidente da República Michel Temer (PMDB) é investigado por corrupção passiva e obstrução da justiça, no âmbito da Operação Patmos, um desdobramento da Lava Jato.

Funaro permaneceu durante quase quatro horas respondendo às perguntas do delegado sobre a gravação revelada por Joesley Batista, dono da JBS, no qual o empresário dizia estar pagando pelo silêncio de Cunha e de Funaro. Nos áudios, Temer é gravado falando: “Tem que manter isso, viu?”.

Preso desde 1º de julho de 2016, no Complexo Peninteciário da Papuda, em Brasília, Funaro negocia um explosivo acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Caso seja firmada, a colaboração dele promete detalhar desvios financeiros praticados pelo PMDB da Câmara dos Deputados – grupo liderado por Temer, principal alvo de sua delação.

Denúncias
O doleiro atuou junto a Eduardo Cunha entre 2011 e 2015. Conhece cada operação financeira apontada como criminosa pelos procuradores da República. Ele é acusado pelo MPF de cobrar propina a empresários interessados em conseguir empréstimos do Fundo de Investimentos do FGTS, o FI-FGTS. Caiu na Lava Jato a partir da delação do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Fábio Cleto.

Cleto contou aos investigadores que Cunha ficava com a maior parte da propina afanada do fundo (80%). Funaro ficava com 12%, enquanto os 8% restantes eram divididos entre o próprio Cleto e o empresário Alexandre Margotto, apontado como ex-assessor de Funaro. Em troca de uma janela para a liberdade, o doleiro está prestes a admitir a parte que lhe cabe no esquema e tipificar a atuação de vários outros políticos e empresários.

Funaro tem, por exemplo, detalhes sobre os bastidores da construção do residencial La Vue, que motivou a queda do ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima,  da gestão Temer. E se diz capaz de desestabilizar o governo federal a partir dos relatos sobre o papel de cada um dos políticos citados em esquemas de corrupção.

Em relatório da Polícia Federal que reúne a transcrição de conversas mantidas pelo doleiro, é possível tirar a temperatura do poder explosivo de Funaro ao falar de Geddel: “Ele é boca de jacaré para receber e carneirinho para trabalhar, e ainda reclamão”. (Com informações da Agência Estado)

 

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