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Íntegra da transcrição da conversa entre Lula e Dilma

Na conversa, Lula também fala com Jaques Wagner

atualizado

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lula e dilma
1 de 1 lula e dilma - Foto: Divulgação

Leia a íntegra da transcrição de um dos diálogos entre Lula e Dilma

Lula: Alô

Dilma: Oi, Lula

Lula: Tudo bem?

Dilma: Não, tô não. Tô achando tudo bem não

Lula: Mas faz parte, querida. Faz parte, ô Dilma.

Dilma: Ah, faz parte?

Lula: Faz parte.

Dilma: Então tá bom. E como é que cê tá?

Lula: Tô bem

Dilma: Tá?

Lula: Tô bem, falei com a Marisa agora, eles já foram embora de casa, já foram embora da casa do Fábio, já foram embora da casa do Sandro, só não consegui falar com o Marcos.As perguntas… Se os canalhas tivessem mandado um ofício, eu teria ido prestar depoimento, como já fui três vezes a Brasília prestar depoimento. Eu acho que o Moro quis fazer um espetáculo antes da decisão antes daquele negócio que tá no Supremo pra decidir. A gente nem sabe se é contra ou a favor, mas ele precisava fazer um espetáculo de pirotecnia. As perguntas foram as mesmas que eu já respondi ao Ministério Público e a dois delegados da Polícia Federal. Eles levaram os mesmos documentos que já tinham levado quando fizeram a invasão na casa do meu filho. O único lugar que (inaudível) um pouco foi a casa do Paulo Okamotto, eu não conversei com o Paulo. Foram na casa da Clara Ant, sabe? A Clara estava dormindo sozinha quando entraram cinco homens lá dentro, ela pensou que era um presente de Deus e era a Polícia Federal…

Dilma: (risadas ao fundo)

Lula: Sabe? Então..

Dilma: Ela pensou que era um presente de Deus… (risadas)

Lula: Então é isso, o Dilma. Eu acho que foi um espetáculo de pirotecnia. A tese deles é de que tudo o que está acontecendo foi uma quadrilha montada em 2003 e que portanto ela perdura até hoje, e dentro do palácio. É a tese deles. Eles não precisam de explicação. Como a teoria do domínio do fato não precisava de explicação, o crime estava aberto, agora é o seguinte: a imprensa diz que é criminoso e eles colocam em prática. Eu estou dizendo o seguinte: Dilma, não tem mais trégua, não tem que ficar acreditando na luta jurídica. Nós temos que aproveitar a nossa militância e ir para as ruas. Eu, sinceramente, que estou querendo me aposentar, eu vou antecipar minha campanha para 2018. Eu vou acertar de viajar esse país a partir da semana que vem sabe, e quero ver o que vai acontecer. Lamentavelmente vai ser isso. Eu não vou ficar em casa parado.

Dilma: O senhor não acha estranho aquela história de quinta-feira? A IstoÉ antecipar…

Lula: Eu acho estranho a liberação da declaração do Delcídio. A IstoÉ antecipar…

Dilma: E na sexta-feira o senhor ser chamado…

Lula: É o espetáculo de pirotecnia sem precedentes, querida. É o seguinte, eles estão convencidos que com a imprensa chefiando qualquer processo investigatório eles conseguem fundar a República.

Dilma: É isso aí.

Lula: Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada. Nós temos um Superior Tribunal de Justiça totalmente acovardado. Um parlamento totalmente acovardado… Somente nos últimos tempos é que o PT e o PCdoB começaram a acordar e começaram a brigar… Nós temos um presidente da Câmara fodido, um presidente do Senado fodido, não sei quantos parlamentares ameaçados, sabe? E fica todo mundo no compasso de que vai acontecer um milagre e vai todo mundo se salvar.

Dilma: É

Lula: Eu, sinceramente, estou assustado é com a República de Curitiba. É porque a partir de um juiz de primeira instância tudo pode acontecer nesse país. Tudo pode acontecer.

Dilma: Então era tudo igual o que sempre foi, é?

Lula: Era a mesma coisa, a mesma coisa. Hoje eles fizeram uma coisa coletiva porque foram na casa do Paulo Okamotto em Atibaia. Eu nem falei com o Paulo ainda. Foram na casa da Clara… Eu tô pensando em pegar todo o acervo, levar e jogar na frente do Ministério Público. Eles que enfiem no cu e tomem conta disso.

Dilma: O acervo de quê?

Lula: O Dilma, é 11 contêineres de tranqueira que eu ganhei quando estava na Presidência.

Dilma: Ah, dá pra eles. Eu vou fazer a mesma coisa com os meus, viu?

Lula: Então é o seguinte… Nós precisaríamos conversar pessoalmente porque eu acho que precisamos mudar alguma coisa nesse país.

Dilma: Quando é que você vai…

Lula: Ontem eu disse o seguinte: a única pessoa… Como é que pode um delegado da Polícia Federal dar uma declaração contra mudança de ministro?

Dilma: Eu nunca vi isso.

Lula: Como é que pode? Eu disse pra eles: olha, a única pessoa que tá precisando de autonomia nesse país é a Dilma, que foi a única eleita e que não consegue governar por causa do Congresso, não consegue governar por causa do Tribunal de Contas, não consegue governar por causa do Ministério Público, porra. Quem tá precisando de autonomia é a presidente da República, o resto tudo tem.

Dilma: E quando é que a gente pode conversar?

Lula: Querida, eu tô… O nosso companheiro tinha visto a possibilidade de você convocar uma conversa quando você quiser, meu amor. Só não pode ser amanhã, porque tá muito em cima.

Dilma: Segunda?

Lula: Depois eu acerto com você. Pra mim pode ser.

Dilma: Ele (Jaques Wagner) quer falar contigo. Pera lá.

Jaques Wagner: E aí, excelência?

Lula: Tudo bem, querido?

Jaques Wagner: Tudo bem. Suportou a encheção de saco?

Lula: Não houve tortura, vocês que sofreram mais do que eu, porra. Mas foram as mesmas perguntas de sempre, Wagner, a mesma coisa de sempre.

Jaques Wagner: Só pra fazer a cena.

Lula: Acho até importante você falar com a Dilma. Eu acho que eles quiseram antecipar o pedido nosso que tá na Suprema Corte, que tá na mão da Rosa Weber. Eles estão tentando antecipar. Como eles ficaram com medo que a Rosa fosse dar, eles estão tentando antecipar tudo isso. Porque ela poderia tirar isso do Lava Jato. Então o Moro fez um espetáculo pra comprometer a Suprema Corte.

Jaques Wagner: Acho que não é só isso não. Acho que tão querendo criar clima — agora só falam de renúncia — pro dia 13. Então batem em você… Eu disse ontem, quando saiu a matéria da IstoÉ: amanhã eles vão fazer alguma putaria com o Lula. Terça-feira o filha da puta da OAB vai botar aqui dizendo que o Conselho da OAB acha que nesse caso… É uma palhaçada, porque o Delcídio, porra, que eu não imaginei que era tão canalha, porque porra… Ele fala de Pasadena, por exemplo… Essa porra já foi arquivada pela PGR… Fala que você mandou isso, mandou aquilo… Porra, ele tem prova? Vá tomar no cu. Eu não sabia que ele fosse tão escroto. Mas vamos lá…

Lula: Mas viu, querido? Então ela tá falando dessa reunião… Ô Wagner, eu queria que você visse agora, falar com ela, já que ela tá aí, falar o negócio da Rosa Weber.

Jaques Wagner: Tá bom.

Lula: Porque tá na mão dela pra decidir

Jaques Wagner: Falou.

Lula: Se homem não tem saco, quem sabe uma mulher corajosa possa fazer o que os homens não fizeram.

Jaques Wagner: Tá bom, querido, um abraço, dá um abraço na Marisa e nos meninos.

Lula: Tá bom.

Jaques Wagner: Valeu.

Lula: Tchau, querido.

 

Confira outra transcrição:

Moraes: Moraes!

Maria Alice: Moraes, boa tarde, é Maria Alice, aqui do gabinete da presidenta Dilma.

Moraes: Boa tarde…ô, senhora Maria, pois não!

Maria Alice: Ela quer falar com o presidente Lula.

Moraes: Eu tô levando o telefone pra ele então. Só um minuto, vou ver e te passo, tá? Por favor.

Maria Alice: Muito obrigada.

Moraes: Tá bom, de nada.

(pequeno intervalo)

Moraes: Só um minuto, senhora Maria Alice.

Maria Alice: Tá “ok”.

Lula: Alô!

Maria Alice: Alô, só um momento presidente.

(música de ramal)

Dilma: Alô.

Lula: Alô.

Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa.

Lula: Fala querida.

Dilma: Seguinte, eu tô mandando o “Bessias” junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?!

Lula: “Uhum”. Tá bom, tá bom.

Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí.

Lula: Tá bom, eu tô aqui, eu fico aguardando.

Dilma: Tá?!

Lula: Tá bom.

Dilma: Tchau.

Lula: Tchau, querida.

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