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Lava Jato: Moro bloqueia R$ 6 milhões de filho de ministro do TCU

Segundo a PF, a atual fase investiga Tiago Cedraz e outro advogado, que teriam participado de reuniões sobre esquema de pagamento de propina

atualizado

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tiago cedraz
1 de 1 tiago cedraz - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (23/8) a 45ª fase da Lava Jato. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Brasília, São Paulo e na Bahia. Um dos alvos foi o advogado Tiago Cedraz, filho do ministro Aroldo Cedraz, do Tribunal de Contas da União (TCU). O juiz federal Sérgio Moro decretou o bloqueio de R$ 6 milhões do herdeiro do magistrado e de outro investigado, Sérgio Tourinho Dantas.

A dupla teria participado de “esquema criminoso” instalado na Petrobras. O valor seria referente à comissão que os advogados receberam na contratação da empresa americana Sargeant Marine pela petrolífera, mediante pagamentos em contas mantidas na Suíça em nome de off-shore

A operação envolve, ainda, o ex-líder dos governos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff na Câmara, o ex-deputado Cândido Vaccarezza. A PF, inclusive, fez buscas na casa de Ana Claudia de Paula Albuquerque, ex-assessora do ex-parlamentar. A corporação suspeita de que ela tenha recebido propina em espécie em nome de Vaccarezza.

O telefone de Ana Claudia foi localizado no celular usado pelo operador do PMDB Bruno Gonçalvez Luz. O sigilo telemático da ex-assessora de Vaccarezza foi quebrado. Segundo Relatório de Análise de Polícia Judiciária 108/2017, Ana Cláudia era “demandada” por Cândido Vaccarezza “para os mais variados assuntos”.

Ao autorizar as buscas, o juiz Sérgio Moro afirmou que dentre as mensagens, “algumas têm caráter suspeito, como solicitações de empresários para interferências em seu favor pelo então deputado federal”.

“Uma delas dirigida por um empresário ao então deputado por intermédio de Ana Cláudia de Paula Albuquerque, tem o seguinte teor: ‘Estou iniciando um negócio que por certo vai interessar o patrão, e vejo espaço para você nele também. Abrangerá trabalho jurídico, ligado ao mercado financeiro. Trata-se de um projeto visando 2014, e vejo no chefe o potencial ideal para isso e tudo a ver com os planos macro dele'”, relatou o juiz.

“Viável o decreto do bloqueio dos ativos financeiros dos investigados em relação aos quais há, em cognição sumária, prova de pagamento ou recebimento de propina”, assinalou Moro. Para o magistrado, “não importa se tais valores, nas contas bancárias, foram misturados com valores de procedência lícita. O sequestro e confisco podem atingir tais ativos até o montante dos ganhos ilícitos”.

Em sua decisão, o juiz da Lava Jato observa que Sérgio Tourinho Dantas e Tiago Cedraz Leite Oliveira seriam, de acordo com a PF, as siglas “ST” e “TC” que constam de planilhas de distribuição de propinas e que foram apreendidas.

“Embora Sérgio Tourinho Dantas e Tiago Cedraz Leite Oliveira sejam advogados, a imunidade profissional não abrange suas atividades, já que aqui há indícios, em cognição sumária, de sua participação em esquema criminoso que envolveu o pagamento de vantagem indevida”, decidiu Moro.

“Resolvo decretar o bloqueio das contas dos investigados até o montante de seis milhões de reais, correspondente aproximadamente ao montante total pago pela Sargeant Marine a título de comissão. Ainda que eles (Cedraz e Tourinho) tenham recebido somente parte dos valores, sua participação no esquema criminoso torna-os, em princípio, responsáveis pelo todo”.

O juiz anotou que a medida apenas gera o bloqueio do saldo do dia constante nas contas ou nos investimentos, não impedindo, portanto, continuidade das atividades das empresas ou entidades – considerando aquelas que eventualmente exerçam atividade econômica real.

Investigação
Segundo a corporação, a atual fase investiga dois advogados que participaram de reuniões nas quais o esquema criminoso, com o pagamento de propinas a agentes da Petrobras, teria sido planejado.

Além do filho do ministro do TCU, a nova fase da Lava Jato mira um ex-deputado federal e uma assistente do parlamentar por recebimento de propina.

Patrimônio considerável
Tiago Cedraz, de 34 anos, ergueu patrimônio milionário à frente de uma banca que atua no Tribunal de Contas da União (TCU), órgão presidido pelo pai. Em paralelo à atuação da banca na Corte de contas, em menos de três anos ele fechou a compra de imóveis de quase R$ 13 milhões e, até abril de 2015 figurava como dono de um jatinho Cessna, de dez assentos, conforme levantamento do jornal “O Estado de São Paulo”.

Reprodução

 

A maior parte dos bens foi adquirida por meio da Cedraz Administradora de Bens Próprios, criada pelo advogado em sociedade com a mãe, Eliana Leite Oliveira, mulher do ministro. Formado em 2006 em Direito, Tiago é tido como persona influente no órgão dirigido pelo pai, embora não atue formalmente nas dezenas de processos que seu escritório mantém na Corte — outros advogados do escritório que têm procurações nos autos. Conforme autoridades do tribunal, ele circula por gabinetes discutindo processos e já se encarregou até de colher sugestões para a montagem da equipe de secretários de fiscalizações, nomeados pelo ministro.

O jovem entrou na mira da Lava Jato após denúncias do empresário Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia. Em depoimento, ele disse ter pago R$ 1 milhão ao advogado para que um processo da empreiteira fluísse conforme seus interesses. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), há indícios não comprovados de que o dinheiro seria repassado ao ministro Raimundo Carreiro, relator de processos da construtora.

O delator ainda mencionou pagamentos a Tiago para obter informações do TCU. Diante das suspeitas de tráfico de influência e corrupção, o STF autorizou buscas em imóveis de Tiago à procura de mais provas para instruir a investigação. O advogado e o ministro negam as acusações.

Na Bahia, terra dos Cedraz, outra frente de negócios do advogado era a Euroconsult Consultoria, Projetos e Participações, aberta em sociedade com o primo Luciano Araújo, tesoureiro do Solidariedade, também citado na delação de Pessoa — segundo o empresário, ele buscava os pagamentos da UTC.

Questionado, Tiago informou que a Euroconsult foi fechada em 2014. Em nota, ele explicou que os bens estão declarados e são “compatíveis com a atuação destacada do advogado, cujo escritório, com mais de 35 mil processos em todos os ramos do Direito, é um dos mais procurados e respeitados de Brasília”. (Com informações da Agência Estado)

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