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Em novo atrito, Maia e Temer disputam deputados para seus partidos

O chefe do Executivo federal convidou dissidentes do PSB a ingressar no PMDB. Isso teria contrariado o presidente da Câmara, do DEM

atualizado

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Rafaela Felicciano/Metrópoles
Maia_Temer
1 de 1 Maia_Temer - Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles

O presidente Michel Temer (PMDB) convidou nesta terça-feira (18/7) dissidentes do PSB a ingressar em seu partido e criou um novo atrito com o chefe da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também interessado em atrair parlamentares para a sua legenda. O PSB deixou o governo em maio, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, da JBS, que fundamentou a denúncia por corrupção passiva contra o peemedebista. De 36 deputados, 16 discordaram da decisão da cúpula.

Temer assumiu pessoalmente a articulação para barrar a acusação apresentada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Mas, para tentar reverter o desgaste com Maia, que tem se mostrado distante do Palácio do Planalto desde que a denúncia chegou à Câmara, o presidente se reuniu com o deputado durante um jantar na noite desta terça, com a presença de ministros.

Mais cedo, fora da agenda oficial, Temer participou de um café no apartamento funcional da líder do PSB na Câmara, Tereza Cristina (MS), e outros quatro parlamentares, para fazer o convite. O encontro foi marcado na segunda-feira (17) por meio do deputado Danilo Forte (PSB-CE).

“Ele perguntou sobre a nossa situação no partido e falou: ‘O PMDB está aí também, conversem com o (senador Romero) Jucá (presidente do PMDB)”, contou Tereza à reportagem. O PMDB tem 62 deputados. Logo depois, ela e outros parlamentares seguiram para a residência oficial de Maia, onde trataram do mesmo assunto.

Segundo aliados do presidente da Câmara, Maia ficou contrariado ao saber que Temer havia procurado os dissidentes do PSB, mesmo tendo conhecimento das negociações de filiações para o DEM. Interlocutores de Maia disseram que ele já tinha avisado pessoalmente Temer sobre as tratativas.

Um auxiliar do Planalto reconheceu que a iniciativa do presidente foi “afoita”, mas ponderou que faz parte do perfil de Temer atender aos parlamentares para tentar unir a base. Interlocutores do peemedebista afirmaram que a ala governista do PSB sempre pediu proteção do Planalto para evitar retaliação pelo fato de parte do partido votar contra o governo.

Fernando Bezerra Coelho, que faz parte da ala insatisfeita com a cúpula da legenda, continua no Ministério de Minas e Energia.

Segundo a líder do PSB, dois deputados estão “muito decididos” a mudar para o DEM: Heráclito Fortes (PI) e José Reinaldo (MA). Na negociação, disse, o principal aspecto levado em consideração é a realidade política de cada Estado. Forte também negocia ir para o DEM.

Trégua
Após a polêmica, o líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), negou a crise. “O PMDB não está atuando para barrar nenhuma filiação ao DEM, até porque o DEM é aliado de primeira hora. Desminto a tentativa de intriga.”

Após o desgaste que o encontro de Temer com deputados do PSB causou, os ministros Mendonça Filho (Educação), do DEM, e Antonio Imbassahy (Governo), do PSDB, tiveram reunião com o presidente e sugeriram o jantar com Maia como demonstração de trégua. Participaram do encontro na casa de Maia, além de Mendonça e Imbassahy, o ministro Bruno Araújo (Cidades), do PSDB, e o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB).

Na saída do jantar, Imbassahy tentou minimizar o mal-estar entre Temer e Maia e negou que o presidente tenha feito o convite aos dissidentes do PSB. “Não cabe ao presidente tratar desse assunto, isso cabe aos presidentes partidários.”

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