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Polícia Civil conclui que alvo da Operação Turbulência suicidou

Morato foi encontrado morto em um motel em Olinda, no Grande Recife, em 22 de junho, um dia após a deflagração da operação que apura o esquema que teria movimentado mais de R$ 600 milhões na campanha de Eduardo Campos, a delegada responsável pelo caso declarou que não há nenhum indício de assassinato

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MARLON COSTA/FUTURA PRESS
EMPRESÁRIO FORAGIDO DA OPERAÇÃO TURBULÊNCIA É ENCONTRADO MORTO.
1 de 1 EMPRESÁRIO FORAGIDO DA OPERAÇÃO TURBULÊNCIA É ENCONTRADO MORTO. - Foto: MARLON COSTA/FUTURA PRESS

A Polícia Civil de Pernambuco concluiu que o empresário Paulo César Morato, alvo da Operação Turbulência, se suicidou. Em entrevista coletiva nesta terça-feira, 30, a delegada Gleide Ângelo, responsável pelo inquérito, afirmou que não há nenhum indício de que Morato tenha sido assassinado.

Morato foi encontrado morto em um motel em Olinda, no Grande Recife, em 22 de junho, um dia após a deflagração da operação que apura o esquema que teria movimentado mais de R$ 600 milhões na campanha de Eduardo Campos (PSB) ao governo de Pernambuco e na aquisição do jatinho usado por ele na campanha presidencial de 2014.

Campos morreu em agosto daquele ano, vítima de um acidente aéreo com o jatinho em Santos, litoral de São Paulo. As investigações apontaram que Morato tinha contas bancárias pelas quais passaram R$ 18 milhões em depósitos feitos pela empreiteira OAS e que foram usados na compra do avião que caiu em agosto de 2014, matando cinco pessoas, entre elas Eduardo Campos.

A delegada responsável pela investigação sobre a morte de Morato afirmou que diversos exames e perícias foram feitos no carro do empresário e nas câmeras de segurança do motel. As imagens, segundo a polícia, não mostra ninguém entrando nem saindo do local durante o período em que Morato ficou no quarto.

O empresário era considerado o “testa de ferro” da organização criminosa suspeita de lavar dinheiro.
A tese de suicídio foi confirmada, segundo a delegada, também por meio do mapeamento das ligações feitas pelo celular do empresário. Nas conversas, ele diz a amigos e à namorada que já sabia que havia um mandado de prisão expedido contra ele na Operação Turbulência.

A última ligação que efetuou foi a um amigo que morava com ele no Recife e a quem pediu algumas mudas de roupas. Morato também ligou para a namorada, dizendo que “precisava fugir”, e para um amigo, a quem falou que “gostava muito” e, logo em seguida, desligou. “Não há nenhum indício de que não tenha sido suicídio”, afirmou a delegada.

O empresário também já teria tentado suicídio anteriormente, em março de 2015, quando teria tomado remédios. Morato chegou a procurar ajuda em um Centro de Atenção Psicossocial (Caps), mas acabou desistindo de receber tratamento, dizendo que “não era doido”.

Ele foi localizado sem vida, envenenado, um dia após ser procurado em casa pela Operação Turbulência, da Polícia Federal, acusado de ser “testa de ferro” de um esquema de corrupção e pagamento de propinas para políticos. De acordo com laudo do Instituto Médico Legal do Recife, ele teria sido vítima de envenenamento com chumbinho, produto usado para matar ratos.

Segundo as investigações da Polícia Federal, Morato seria o controlador de uma rede de captura de CPFs de laranjas para o esquema de distribuição de propinas a políticos em Pernambuco nas campanhas de 2010 e 2014. No carro dele, apreendido no motel, havia dezenas de envelopes de depósito bancários e R$ 3 mil em dinheiro.

Em Tamandaré, cidade do Litoral Sul de Pernambuco onde Morato viveu antes de se mudar para o Recife, ele era conhecido como Paulão e vivia modestamente como dono de uma pequena loja de aparelhos e acessórios de celulares.

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