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Odebrecht pagava por documentos secretos do governo, dizem delatores

Servidores recebiam mesada para passar informações do Ministério da Fazenda diretamente para a empreiteira

atualizado

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Divulgação/Odebrecht
odebrecht prédio
1 de 1 odebrecht prédio - Foto: Divulgação/Odebrecht

O delator Antônio de Castro Almeida contou à Justiça que o servidor Flávio Dolabella repassava para a Odebrecht documentos sigilosos do governo. Atas do comitê de financiamento e garantia das exportações, o Cofig, saíam do Ministério da Fazenda diretamente para a empreiteira. Assim, a empresa se preparava com informações privilegiadas para obter financiamento de obras que seriam tocadas em outros países.

“A gente tomava ações administrativas gerenciais ali em função disso”, afirmou Antônio de Castro Almeida. O delator acrescentou que o servidor recebia mesada da empresa. “O Flávio Dolabella recebia R$ 15 mil por mês”, disse. As informações são do G1.

Antônio relatou também que outra ajudante da construtora foi a então secretária executiva da Câmara de Comércio Exterior (Camex), subordinada ao Ministério da Indústria e Comércio Exterior. Lytha Spíndola, de acordo com Castro, agia dentro da pasta. O objetivo era agilizar os projetos de interesse da Odebrecht. O delator disse que o acerto ocorria com o filho dela.

“Nunca entreguei dinheiro a ela nem a ninguém em Brasília. O negócio era o seguinte: eu consultei quem é que seria o representante dela. Ela indicou o filho, Vladimir Spíndola, advogado, e eu tive contato com ele”, afirmou.

Os pagamentos, ainda segundo o delator, teriam ocorrido em hotéis escolhidos por Vladimir. “Ele ia lá conversar comigo e eu dizia: ‘o método é o seguinte, quando tiver o pagamento efetivo não vai ser feito em Brasília. Tinha restrições a fazer qualquer pagamento em Brasília, não sei o motivo. Então, iria lá para São Paulo, escolheria um hotel, e eu acionaria o pessoal para mandar entregar o dinheiro. Eu nunca indiquei hotel nem nada”, contou.

Além disso, Lytha Spíndola teria repassado documentos com exclusividade para Odebrecht, após o recebimento, segundo Castro, de pelo menos US$ 100 mil, em 2010. Esta não é a primeira vez que Lytha se envolve em casos de corrupção. A mulher é ré em ação penal que apura fraudes em julgamentos do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), vinculado ao Ministério da Fazenda e investigado na Operação Zelotes, da Polícia Federal.

CPI
Os delatores contaram que a Odebrecht ia onde precisava para obter dados privilegiados. Inclusive, à Câmara dos Deputados. Na ocasião, a ajuda teria vindo de um parlamentar que entregou documentos de sessões secretas da CPI da Petrobras.

O delator José de Carvalho afirmou que recorreu ao deputado João Bacelar (PR-BA) para ter acesso ao material. O parlamentar recebeu doações da Odebrecht para as campanhas de 2006, 2010 e 2014.

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