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Executivo diz que pagou propina a Cabral disfarçada em doação oficial

O ex-diretor-geral de Obras da Andrade Gutierrez Clóvis Primo depôs ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal

atualizado

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Marino Azevedo/Gov do Rio de Janeiro
Sérgio Cabral ex-governador do Rio de Janeiro
1 de 1 Sérgio Cabral ex-governador do Rio de Janeiro - Foto: Marino Azevedo/Gov do Rio de Janeiro

O ex-diretor-geral de Obras da Andrade Gutierrez Clóvis Primo disse nesta quarta-feira (15/3) que parte da propina destinada ao ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral Filho (PMDB), que está preso, foi repassada como doação oficial à campanha para a reeleição do político, em 2010. Segundo o executivo, isso foi feito porque era difícil encontrar maneiras de camuflar os repasses ilegais.

“Era uma dificuldade fazer esse dinheiro. Por isso, parte da propina entrou como doação oficial de campanha”, disse, em depoimento ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. Segundo o executivo, geralmente o pagamento era feito em espécie. Também houve repasses por meio de contratos falsificados ou superfaturados. Cabral foi preso em novembro, na Operação Calicute.

Outro depoente ligado à Andrade, Alberto Quintaes, contou que representantes do governo Cabral comunicavam, antes das licitações de grandes obras públicas no Rio, qual seria a participação de cada empreiteira. A prática é ilegal, mas as empreiteiras não tinham alternativa, afirmou.

“A gente não discutia. Era uma coisa imposta. A gente só dizia se iria participar: sim ou não”, disse. “Depois, todas se reuniam, estudavam planilhas, o que cada uma iria fazer, e acertávamos o edital.”

O texto era montado para evitar que construtoras fora do esquema vencessem.

Apartamento
Rogério Nora de Sá, ex-presidente Andrade Gutierrez, contou como Cabral acertou os pagamentos. O então governador o chamou para uma reunião em seu próprio apartamento no Leblon, na zona sul do Rio, para exigir as propinas. Segundo o executivo, Cabral teria dito que a empresa teria que firmar um “compromisso” com o governo.

“Ele (Cabral) disse que teríamos que dar uma contribuição mensal de R$ 350 mil. Depois, fomos chamados para uma reunião no Palácio Guanabara com o governador, e ele disse que o secretário de Governo, Wilson Carlos, iria cuidar da execução das obras. Ficamos com obras de Manguinhos, PAC das Favelas, Arco Metropolitano, (em) que entramos, mas declinamos posteriormente porque não teríamos resultados. (Em) Manguinhos fomos líderes do consórcio e ficou acertado o pagamento de 5%”, disse.

Rafael de Azevedo Campello, gerente da Andrade, disse que entregou em ao menos cinco ocasiões um envelope, que presumia conter dinheiro, a um operador ligado ao ex-secretário de Obras do Rio, Hudson Braga, que atuou na gestão de Cabral.

A reportagem procurou a defesa da Cabral, que informou que só vai falar nos autos. Os defensores de Wilson Carlos, Hudson Braga e Wagner Jordão foram procurados, mas não foram localizados.

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