Funaro vai delatar propina à campanha de Cunha, diz colunista
Apontado como operador financeiro do PMDB, o corretor pode endossar as afirmações do empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS
atualizado
Compartilhar notícia
Apontado como operador financeiro do PMDB, o corretor Lúcio Bolonha Funaro dirá, em sua delação premiada, segundo interlocutores, que a eleição do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para presidência da Câmara foi comprada. Funaro irá endossar a afirmação do empresário Joesley Batista, também em colaboração, de que o dinheiro saiu da JBS. As informações são dos jornalistas Andreza Matais e Marcelo de Moraes, da Coluna do Estadão.
Joesley contou que deu R$ 30 milhões para Cunha “sair comprando um monte de deputado Brasil a fora. Para isso que servia esses R$ 30 milhões”. Na ocasião, fevereiro de 2015, o peemedebista se elegeu em primeiro turno, com os votos de 267 dos 513 deputados.
Funaro está preso desde julho do ano passado, em Brasília, no âmbito da Operação Sépsis. Ele é apontado como operador financeiro de Eduardo Cunha. Desde então, o corretor esteve a maior parte do tempo no Complexo Penitenciário da Papuda. Mas, no início deste mês, foi transferido para a carceragem da Polícia Federal com o objetivo de preparar os anexos da proposta de delação que negocia com a Procuradoria-Geral da República (PGR).Nas últimas semanas, enquanto participava das audiências do processo da Sépsis, na Justiça Federal de Brasília, Funaro vinha escrevendo em um computador e em um caderno espiral os resumos do que entregará na proposta de acordo de colaboração.
Em depoimento à PF, o corretor contou que entregava malas com dinheiro, em espécie, para o ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima (PMDB). Na oitiva, Funaro afirmou que fez viagens a Salvador (BA) para fazer os repasses. Após a detenção do corretor, o ex-ministro teria pressionado a esposa dele, por telefonemas, para evitar a delação. Geddel cumpre prisão domiciliar em seu apartamento na capital baiana.
Já Cunha está preso desde outubro do ano passado, em Curitiba (PR), no âmbito da Lava Jato, por corrupção e lavagem de dinheiro. O deputado cassado é acusado de receber propina em troca de influência a favor de empresas que buscavam liberação de verbas do Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FI-FGTS), vinculado à Caixa Econômica Federal.
Além disso, Cunha também é suspeito de manter contas bancárias na Suíça e de participação em desvios nas obras do Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. O Ministério Público Federal (MPF) também o aponta como beneficiário de esquema de corrupção na Petrobras.