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Fiscal pegou propina em peito de frango, achou ruim e deu para cunhada

Investigação aponta que o fiscal Tarcísio Almeida Freitas recebia regularmente do frigorífico propina “em dinheiro e produtos cárneos”

atualizado

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peito frango
1 de 1 peito frango - Foto: Reprodução/Twitter

Um dos fiscais presos na Operação Carne Fraca nesta sexta-feira (17/3) foi flagrado em grampo da Polícia Federal reclamando da qualidade dos produtos do frigorífico Peccin Agro Industrial que ele mesmo inspecionava. A investigação que cercou os maiores frigoríficos do Brasil e descobriu “maquiagem” de carne aponta que o fiscal Tarcísio Almeida Freitas recebia regularmente do frigorífico propina “em dinheiro e produtos cárneos”.

No grampo, Tarcísio se queixa ao fiscal Sergio Pianaro — também alvo de mandado de prisão preventiva da Carne Fraca — sobre uma peça de peito de frango defumado.

“Mesmo recebendo pagamentos (propina) regulares da empresa, em dinheiro e em produtos cárneos, Tarcísio reclama com Pianaro sobre a qualidade dos alimentos da Peccin, demonstrando sua plena ciência de que estava colaborando para introdução no comércio de alimentos totalmente inaptos ao consumo, gerando grande risco à saúde pública”, aponta a investigação.

Tarcísio diz a Sérgio que precisa fazer “um comentário”. “Sérgio, um comentário, que eu vou comentar com você aqui, até chato, eu só vou falar pra você, não quero nem comentar aí não, sabe”, diz Tarcísio. “Eu peguei um peito defumado de frango, decaiu muito o produto Peccin aí.”

Sérgio concorda. “Sueli falou a mesma coisa. ‘Meu Deus, Sérgio!’ O que é que é isso, cara?”

Tarcísio responde. “O pior, Sérgio, não se pode criticar, eu sei que (ininteligível). Mas eu, com toda sinceridade, eu não comi, Sérgio. Eu dei um pedaço aqui pro vizinho, eu dei outro pra minha cunhada. Eu peguei um peito defumado e coisa assim. Aí quando eu fui cortar, Sérgio, não é aquele peito defumado que tenha carne gostoso. É tipo uma massa, tipo mortadela. Uma massa homogênea. Assim, tipo igualzinha uma massa de mortadela, avermelhada, tudo. Eu digo, não, decaiu muito. Vou até dar. Vou perguntar pro Sérgio se ele pegou algum peito assim.”

“É, o último foi bem, bem desagradável”, reconhece Sérgio. Tarcísio ainda afirma. “Meu Deus, decaiu muito, Sérgio. Decaiu 100%, 100% do produto do Peccin aí, hem? Meu Deus!”

No diálogo, Tarcísio Almeida e Sérgio Pianaro “comentam sobre pretensões de transferência para outra localidade/empresa, e comentam que a Peccin vai ficar ‘à vontade’, ou seja, sem qualquer tipo de fiscalização”.

Uma testemunha, que foi a responsável técnica pelo controle de qualidade da Peccin em 2014, afirmou à Carne Fraca que “o fiscal Tarcísio, atuante na Peccin, sempre fazia constar em seus relatórios que os procedimentos da empresa estavam dentro da legalidade quando, na verdade, não estavam”.

Segundo os investigadores, a testemunha “presenciou também a dona da empresa, Nair, dizendo que Tarcísio resolveria os problemas da empresa, mesmo os procedimentos sendo impróprios, ouvindo dizer também que o fiscal recebia uma contraprestação por assim agir”.

Confira o diálogo sobre o peito defumado:

 

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