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Ex-procurador e advogado da J&F depõe nesta sexta (8/9) à PGR no Rio

Defesa de Marcelo Miller diz que objetivo é contribuir com a decisão do Ministério Público de revisar ou não a delação dos executivos da JBS

atualizado

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Alex Lanza/MPMG
marcelo miller
1 de 1 marcelo miller - Foto: Alex Lanza/MPMG

O ex-procurador da República e atual advogado do escritório de defesa dos executivos do grupo J&F, Marcelo Miller, presta depoimento na Procuradoria Regional da República (2ª Região), no Centro do Rio de Janeiro, onde chegou por volta das 15h desta sexta-feira (8/9). Os procuradores querem saber se ele orientou o empresário Joesley Batista e outros executivos da JBS a firmar acordos de colaboração premiada quando ainda trabalhava na Procuradoria-Geral da República (PGR).

Miller chegou acompanhado dos advogados e não falou com a imprensa. O objetivo é contribuir com a decisão do Ministério Público Federal (MPF) de revisar ou não a delação premiada dos delatores da JBS, controlada pela companhia, segundo o advogado dele, André Perecmanis.

As delações passaram a ser questionadas desde que gravações de conversas de Joesley Batista, um dos sócios da J&F, revelaram a proximidade de Miller com os executivos. Após a assinatura das delações, o ex-procurador foi contratado para a defesa da empresa no escritório de advocacia Trench Rossi Watanabe.

Perecmanis acredita que o esclarecimento de Miller ao MPF será breve e que não deve ser necessário o agendamento de novas sessões. Ele disse ainda que agora, no fim da manhã desta sexta-feira (8), fecharia com seu cliente o posicionamento a ser apresentado ao MPF.

Depoimento
A PGR concluiu nesta quinta-feira (7) a primeira etapa da tomada de depoimentos após o anúncio de que o acordo de colaboração premiada de três delatores da JBS deve ser revisto. A medida foi tomada após o órgão ter acesso a uma gravação na qual Joesley controladora da JBS, e Ricardo Saud, diretor do grupo, indicam que Marcelo Miller teria auxiliado os executivos nas tratativas da delação.

A expectativa agora é que Janot peça a revogação dos benefícios concedidos ao grupo, segundo fontes ligadas ao procurador. Decisão nesse sentido pode acarretar pedido de prisão dos delatores.

No depoimento, Joesley disse que não recebeu orientação de Marcelo Miller para gravar o presidente Michel Temer (PMDB-SP). Afirmou, ainda, que levar a sério os novos áudios apresentados à PGR por engano é como acreditar em uma “conversa de bêbados.”

Aos procuradores, Joesley confirmou que conheceu Miller em data anterior à que ele foi exonerado da PGR. Segundo o empresário, no entanto, Marcelo Miller se apresentou como advogado e disse que já tinha pedido a exoneração do Ministério Público — o que só teve efeito oficialmente a partir de abril.

Segundo o empresário disse aos procuradores, Miller não trabalhou no acordo de delação nem quando deixou oficialmente o Ministério Público. Ele afirmou, no entanto, que conversou superficialmente com o ex-procurador sobre o acordo de delação. Na mesma época em que fez os contatos com Miller, Joesley buscava um nome para assumir a área de compliance e combate à corrupção da JBS.

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