Governo vê rombo maior e revisa meta fiscal para déficit de R$ 129 bi
O anúncio foi feito pelos ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles
atualizado
Compartilhar notícia

A equipe econômica anunciou nesta sexta-feira (7/4) que revisou a meta fiscal de 2018 para um rombo de R$ 129 bilhões, cifra que se refere às contas do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central). A previsão anterior era de déficit de R$ 79 bilhões. O anúncio foi feito pelos ministros do Planejamento, Dyogo Oliveira, e pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que citou a crise econômica de 2015/2016 como o principal motivo para a revisão.
Concretizada a projeção para 2018, será o quinto ano consecutivo em que a União fecha com as contas no vermelho, gastando mais do que arrecada. No caso do setor público consolidado, que inclui Estados, municípios e estatais, a meta é de déficit de R$ 131,3 bilhões para o ano que vem. Ambos os valores equivalem a 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
A revisão para um déficit maior era considerada necessária para garantir credibilidade à política fiscal diante do cenário menos favorável de receitas do que o estimado inicialmente. Quando a meta indicativa de déficit em 2018 foi divulgada, em julho de 2016, a previsão de crescimento era de 1,6% para o PIB neste ano — o que não vai ocorrer, pois o próprio governo já espera alta de 0,5% – e de 2,5% no ano que vem — expectativa que foi mantida.“As previsões decorrem de efeitos da crise de 2016, 2015 na economia. São efeitos defasados, principalmente na arrecadação”, disse Meirelles, segundo quem “há um compromisso de reduzir o déficit de 2018”.
Com isso, o valor da meta primária de 2018 fica muito próximo do déficit de R$ 139 bilhões esperado para o governo central neste ano. Depois de fixar uma meta negativa em R$ 170,5 bilhões para 2016, a equipe econômica sempre destacou a necessidade e o compromisso com a redução do déficit público ano a ano.
Em 2019, o governo central deve ter novo déficit segundo as projeções do governo, desta vez de R$ 65,0 bilhões. Só em 2020 é que o resultado primário voltará ao azul, com superávit esperado de R$ 10 bilhões.
No caso do setor público consolidado, as metas são de déficit de R$ 63,8 bilhões em 2019 e de superávit de R$ 23,2 bilhões em 2020.
Neste ano já houve dificuldade para fechar as contas. Apesar de a meta fiscal de 2017 admitir um déficit de R$ 139 bilhões, o governo identificou um rombo de R$ 58,2 bilhões no Orçamento deste ano e precisou tomar medidas duras para garantir o cumprimento da meta.
Entre elas estão a reoneração da folha de pagamentos, o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para as cooperativas de crédito e um corte de nada menos que R$ 42,1 bilhões em despesas previstas até dezembro.
Sem as medidas, o déficit do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) este ano seria maior que o saldo negativo de R$ 154,2 bilhões registrado no ano passado.