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Entenda como a recessão provocada pela queda do PIB afeta sua vida

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro caiu 9,7% no segundo trimestre deste ano e o país entrou em recessão técnica

atualizado

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Felipe Menezes/Metrópoles
Carrinho no meio das mercadorias
1 de 1 Carrinho no meio das mercadorias - Foto: Felipe Menezes/Metrópoles

A pandemia do novo coronavírus resultou em um tombo histórico de 9,7% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no segundo trimestre (abril, maio e junho) deste ano.

Isso significa, na linguagem dos economistas, que o país entrou em recessão, uma vez que registrou duas quedas consecutivas: no primeiro semestre, o PIB tinha caído 2,5%.

Os dados, comparados com o semestre imediatamente anterior, foram divulgados nesta terça-feira (1º/9) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

No entanto, o que essa queda registrada no PIB – que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no Brasil – representa para as pessoas?

O professor de finanças do Ibmec-DF William Baghdassarian explica que o resultado do PIB diz muito do passado, mas também funciona como um indicador para o presente e o futuro.

Na prática, a queda da economia significa que as pessoas estão produzindo e comprando menos. Ou seja, houve uma redução tanto na oferta quanto na procura, nesse mesmo sentido.

Dessa maneira, aquela padaria da esquina, por exemplo, em vez de produzir 100 pães por dia, teve que reduzir o trabalho por causa da crise e passou a produzir somente 60 pães.

Por outro lado, isso também significa redução no número de pães adquiridos pelas pessoas, o que os economistas chamam de poder de compra – o IBGE fala de “consumo das famílias”.

Ou seja, se antes o seu Joaquim comprava cinco pães por dia, ele passou a comprar três, uma vez que agora tem menos dinheiro, pois teve parte do salário cortado na pandemia.

Essa queda na demanda pode ser atestada com um outro dado do IBGE: o consumo das famílias caiu 12,5% no segundo trimestre deste ano em comparação com o período anterior.

Essa é também a maior queda de toda a série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Até então, o recorde tinha sido no terceiro semestre de 2001, há quase 20 anos, quando o consumo das famílias baixou 3,2%.

“Esse número do consumo das famílias retrata exatamente isso: as famílias ficaram sem renda”, explica William Baghdassarian, em conversa com o Metrópoles.

“O consumo das famílias não caiu mais porque tivemos programas de apoio financeiro do governo. Isso injetou liquidez na economia”, completou Rebeca Palis, do IBGE.

E o que esperar dos próximos meses? “A economia é como uma bicicleta, quanto mais lenta, mais instável fica”, explica o economista William Baghdassarian.

O professor de finanças públicas entende que o país já começa a se recuperar, mas a passos lentos. Ele destaca, no entanto, que o país vai voltar “pior do que já estava”.

“A gente já entrou na crise fragilizado. A sensação que tenho é de que vamos sair mais fragilizados ainda”, afirma. “[Mas] A recuperação pode mostrar que a economia é um sistema vivo. Do mesmo jeito que sofre um choque, reage muito rápido”, complementa.

A ideia destoa da apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, que disse que o país está se recuperando, agora, em forma de V – expressão usada para se referir à rápida recuperação econômica após a queda abrupta.

“Hoje todas as estimativas são de uma queda entre 4% e 5%, ou seja, praticamente a metade do que esse som que está chegando agora de um passado distante”, afirmou.

“Como a velocidade da luz é diferente do som: você vê um raio muito cedo, e o som chega depois. É a mesma coisa com a economia”, prosseguiu o ministro da Economia.

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