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Andrade Gutierrez tinha caixa 2 único para propina, diz ex-executivo

Flávio Barra foi ouvido sobre o suposto esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro no valor de R$ 370 milhões

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1 de 1 andrade-gutierrez - Foto: DIVULGAÇÃO

O ex-executivo da Andrade Gutierrez Flávio David Barra confirmou nesta quinta-feira (16/2) ao juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal da Justiça Federal no Rio de Janeiro, que a empreiteira tinha caixa 2 único para pagamento de propina. Ele disse não saber se houve pagamento de propina para participar das obras do Estádio do Maracanã.

“Era uma situação amadora, era a forma como a cúpula da empresa encontrou para cumprir determinados compromissos que havia aceitado”, disse Barra, em depoimento.

O ex-executivo afirmou ainda que pode ter assinado outros contratos fictícios. “Acredito que também tenha assinado com a Legend (Associados, ligadas a Adir Assad). A gente assinava vários documentos, não recordo exatamente”, afirmou.

A AG integrou o consórcio para a construção do Maracanã junto com a Odebrecht, que tinha 49% e era líder, e a Delta, com 30%. A construtora era dona de fatia de 21%.

Na quarta (15), os ex-executivos da Andrade Gutierrez Rogério Nora de Sá e Clóvis Renato Primo reafirmaram que a construtora pagou propina para participar das obras de reforma do Estádio do Maracanã, em manobra chamada de “contribuição de governo”.

Barra foi ouvido como testemunha no processo da Operação Saqueador. A investigação refere-se ao esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro no valor de R$ 370 milhões.

O esquema desvendado na operação desencadeada em junho do ano passado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal (MPF) tem como principais acusados o dono da Construtora Delta, Fernando Cavendish, e o contraventor Carlinhos Cachoeira.

Além deles, foram denunciadas 21 pessoas, entre executivos, diretores, tesoureira e conselheiros da empreiteira e proprietários e contadores de empresas fantasmas, criadas pelo contraventor e pelos empresários Adir Assad e Marcelo Abbud.

Barra já foi condenado por Bretas na Operação Lava Jato e, junto com o ex-presidente da empreiteira Andrade Gutierrez, Otávio Marques de Azevedo, teve um acordo de delação homologado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Teori Zavascki, que morreu em janeiro deste ano.

Nesta quinta à tarde, o ex-senador Delcídio do Amaral presta depoimento ao juiz Marcelo Bretas como testemunha de acusação no processo da Operação Saqueador.

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